Pra não dizer que não falei das flores: um estudo sobre relações gênero e biodiversidade no semiárido pernambucano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Samara Silva Costa, Rakuel
Orientador(a): Regia Fernandes Gehlen, Victoria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/3138
Resumo: Pra não dizer que não falei das flores: um estudo sobre relações e biodiversidade no semiárido pernambucano aborda a importância do trabalho desenvolvido pelas mulheres agricultoras no semiárido a partir de suas práticas, experiências e saberes no manejo e conservação da biodiversidade. Parte da constatação da existência de desigualdades de gênero construídas socialmente que negam e subvalorizam o papel reprodutivo e produtivo da mulher, em especial no meio rural, somado à necessidade de estudos e pesquisas que contribuam para a conservação da biodiversidade visando o enfrentamento da crise ambiental. Ao desafiar-se adentrar as fronteiras da interdisciplinaridade, entrecruzando essas duas temáticas, a pesquisa parte da desnaturalização da divisão sexual do trabalho e dos vínculos existentes entre as mulheres e o meio ambiente, configurando-se, enquanto estratégia social, na busca da construção de relações de gênero mais justas. Adota como referência para observação e análise, a área do quintal, ou arredor de casa , considerada socialmente como parte do espaço privado, doméstico, e, portanto, como de responsabilidade e cuidado das mulheres, e o conjunto de atividades desenvolvidas pelas mesmas no manejo dessas áreas e sua relação com a conservação da biodiversidade. Em seu processo de construção, a pesquisa adota um referencial metodológico pautado na triangulação de métodos, permitindo a articulação de múltiplas estratégias, aportes teóricos e técnicas de coleta de dados, numa abordagem de cunho quanti-qualitativa, visando captar elementos localizados em dimensões distintas, mas que se entrecruzam na análise. Nesse sentido, utiliza como instrumentais a técnica da observação participante, entrevistas e questionários, dentre outros. Do ponto de vista dos resultados, a pesquisa ratifica a existência de relações injustas entre homens e mulheres no campo, a partir do trabalho desenvolvido por ambos, da valorização e reconhecimento socialmente atribuídos de forma diferenciada. Por outro lado, constata a importância da área dos quintais, enquanto espaços extremamente diversificados em número e variedades de espécies de plantas e com múltiplos usos. Foram registradas 289 etnoespécies nas 46 áreas pesquisadas, havendo uma média de 37 etnoespécies por quintal, sendo que 35% dos quintais apresentaram mais de 40 etnoespécies. Cerca de 41% dessas plantas foram classificadas pelas famílias como de uso ornamental, 22% como de uso alimentício e 17% medicinal; demais 11% foram associadas ao uso madeireiro e 9% a outras formas de uso. Sendo áreas criadas e manejadas, via de regra, pelas mulheres, os quintais também se configuram enquanto importantes espaços de troca, construção e transmissão de saberes, aclimatação de espécies, estímulo às sociabilidades locais a partir das relações envolvendo doações e partilhas de sementes e mudas e um conjunto de outras contribuições do trabalho desempenhado pelas mulheres que, direta ou indiretamente, resultam em experiências positivas no manejo e conservação da biodiversidade