Briófitas epífitas em agroflorestas de cacau na Floresta Atlântica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: REIS, Luciana Carvalho dos
Orientador(a): PÔRTO, Kátia Cavalcanti da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Biologia Vegetal
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/32661
Resumo: Tal qual ocorre para outros grupos biológicos, as comunidades de briófitas em agroflorestas são caracterizadas pela manutenção de riqueza e significativa alteração na composição das espécies, sendo esses padrões baseados em parâmetros taxonômicos. Para uma melhor compreensão dos fatores por trás da organização das comunidades de briófitas nas agroflorestas, é necessário considerar outros fatores como por exemplo, o papel das estratégias reprodutivas e dos atributos funcionais das espécies. Nós estudamos as briófitas epífitas em agroflorestas de cacau e floresta nativa localizadas na região sul da Bahia, as quais foram caracterizadas (riqueza e composição das espécies) e comparadas entre os dois ambientes. A organização das comunidades foi então analisada sob a luz da influência dos aspectos reprodutivos e funcionais das espécies. Os resultados mostraram que, embora não haja uma perda no número total de espécies de briófitas nas agrolforestas, as hepáticas têm sua riqueza reduzida (os musgos não são afetados). As agroflorestas na região sul da Bahia abrigam uma brioflora típica para esse tipo de hábitat, composta principalmente por espécies monoica produzindo esporófitos e espécies dioicas que frequentemente se reproduzem assexuadamente. Além disso, a reprodução assexuada entre as dioicas parece estar sendo beneficiada nas agroflorestas, especialmente naquelas inseridas em paisagens com menores proporções de floresta nativa, como é o caso da paisagem encontrada no município de Ilhéus. Os padrões reprodutivos encontrados sugerem que a seleção das briófitas nas agroflorestas está relacionada ao modo reprodutivo das espécies. As espécies que compõem as comunidades nas florestas e agroflorestas também diferem em relação às estratégias funcionais. As espécies selecionadas nas agroflorestas são principalmente aquelas que apresentam o atributo pigmentos secundários em suas células (proteção contra uma maior incidência luminosa). A variação no atributo presença de papilas foi explicada pelas variáveis preditoras (abertura do dossel, temperatura média anual, precipitação média anual). Nas agroflorestas estudadas, a organização funcional das comunidades de briófitas epífitas é fortemente influenciada por processos relacionados ao nicho das espécies, tendo luminosidade como principal fator ambiental selecionador das espécies. Em síntese, os resultados obtidos nesta tese mostram que as comunidades de briófitas epífitas nas agroflorestas de cacau na região sul da Bahia são caraterizadas por uma menor dispersão dos atributos funcionais (convergência funcional), elevada abundância de espécies monoicas e de espécies com frequência de reprodução assexuada, além de menor sucesso reprodutivo entre as espécies dioicas. Ou seja, em comparação com floresta nativa, as comunidades de briófitas nas agroflorestas são mais simplificadas funcionalmente e devem apresentar menor variabilidade genética, em decorrência das estratégias reprodutivas mais comumente utilizadas, e assim mais vulneravéis às perturbações. Dessa maneira, a continuidade e crescente conversão das florestas nativas em sistemas agroflorestais deverá cada vez mais levar à uma homogeneização da brioflora na região sul da Bahia.