Movimentos de lésbicas de Pernambuco : uma etnografia lésbica feminista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: LEMOS, Ana Carla da Silva
Orientador(a): QUADROS, Marion Teodósio de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Antropologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38040
Resumo: Esta dissertação teve como objetivo investigar como se deu o surgimento e a organização dos movimentos de lésbicas em Pernambuco, identificando como se constituiu a identidade lésbica individual e reverberou nas identidades coletivas dos movimentos lésbicos. A pesquisa etnográfica foi realizada de 2016 a 2018 e incluiu a observação participante em dois espaços de articulação política em Pernambuco. A metodologia foi composta de entrevistas semiestruturadas e aplicação de questionários fechados com as 18 (dezoito) interlocutoras/pensadoras o que possibilitou a caracterização do perfil socioeconômico das lésbicas que estão na construção dos movimentos, desde o final da década de 1970, contribuindo para a compreensão das narrativas de vida das ativistas lésbicas que atuam no estado, assim como, as dos grupos lésbicos e redes que perfazem os movimentos lésbicos e suas bandeiras de luta. Além disso, foram colhidos materiais dos grupos, como atas de fundação e de reuniões, fotografias, materiais de comunicação, dentre outros. Todo o acervo recolhido em campo constitui parte da memória dos movimentos lésbicos de Pernambuco e se encontram nos anexos deste trabalho. Como resultados da pesquisa, as ativistas e os grupos pesquisados estão alocados em todas as regiões do estado, com a diferença que na capital e região metropolitana tem se organizado majoritariamente em grupos de lésbicas, o que difere das demais regiões, nas quais tem se articulado em grupos LGBTs, sem que haja nenhum grupo exclusivamente lésbico. Compreendeu-se que existem dois tipos de militância que funcionam como formadores e transformadores das identidades lésbicas individual e coletiva: 1) a militância para dentro, que perpassa pelas relações internas das ativistas, analisando os conflitos, relações de poder, igualdades/hierarquias e as reproduções do machismo, a exemplo das relações afetiva-sexuais que interferem na organização dos movimentos. 2) A militância para fora, articula como as ativistas lésbicas atuam nos espaços de controle social e influencia na relação com outros movimentos sociais, partidos políticos, governos e a sociedade mais ampla. Compreende-se que as identidades lésbicas foram se constituindo a partir das narrativas de vida e seus enfrentamentos, entendendo que as ações individuais contribuem para as ações coletivas na organização dos grupos e redes, onde criam-se normativas que, por vezes, engessam as relações e criam hierarquizações que afetam as formas de atuação, estabelecendo quem pode representar e ter a atuação reconhecida como movimentos lésbicos. Esse fato potencializa diversos conflitos e hierarquizações, não apenas de representação política, mas nas paródias de gênero que são representadas pela dicotomização lady e boy que reverberam em normativas de representações nos papéis sociais e sexuais assumidos, muitos deles reiterando normas sociais que acabam por reafirmar preconceitos e discriminações existentes na sociedade. Os movimentos lésbicos têm contribuído para impactos políticos em Pernambuco na implementação das políticas públicas, através dos espaços de atuação paritária entre sociedade civil e governo. Todas essas expressões trouxeram a possibilidade de construir um olhar mais amplo sobre as organizações e memórias dos movimentos lésbicos em Pernambuco.