Drogas e normalização: uma análise psicossocial desde a perspectiva das representações sociais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: SOUSA, Yuri Sá Oliveira
Orientador(a): SANTOS, Maria de Fatima de Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/23777
Resumo: O chamado “mundo das drogas” pode ser entendido como um campo heterogêneo e polissêmico, a partir do qual se constroem diferentes objetos, discursos, identidades e práticas sociais, repercutindo nas esferas da saúde, política, economia, direito, educação, entre outros. A tese apresentada analisou a construção sócio-simbólica do campo das drogas psicoativas à luz da teoria das representações sociais, entendidas como formas de pensamento social, construídas a partir de interações comunicativas cotidianas, que produzem a própria realidade social da droga, seus usos e usuários. Fez-se uso da noção de normalização com vistas a considerar, especificamente, o nível normativo-ideológico do processo de construção de representações sociais: por um lado, normalizar significa tornar familiar a realidade e, por outro, refere-se ao processo de construção e aplicação de normas sociais. Foram realizadas duas operações de pesquisa para responder aos objetivos. A primeira analisou 4516 matérias publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo e seus resultados evidenciaram três dimensões do fenômeno: a regulação sociopolítica do uso, produção e circulação das drogas; a relação entre uso de drogas, dependência e saúde; e a atuação da polícia na guerra às drogas. A segunda baseou-se nas respostas a 169 questionários de evocação livre sobre o termo “drogas” em três contextos: um na perspectiva do respondente e outros dois nos quais os participantes realizavam a tarefa conforme imaginavam que responderiam “a maioria das pessoas” e os “usuários de drogas”. Os resultados evidenciaram a antinomia entre drogas lícitas e ilícitas; a dependência e outros prejuízos decorrentes do uso; a violência e criminalidade associadas ao tráfico de drogas; e o prazer associado ao consumo. O contexto ligado à “maioria das pessoas” atualizou elementos marcadamente negativos e de cunho moral; e naquele sobre os “usuários de drogas” destacaram-se menções ao prazer, diversão e fuga da realidade. Os resultados das duas pesquisas são discutidos a partir de dois aspectos: a ancoragem simbólica das drogas em sistemas de saber/poder médico-jurídicos que atuam na normalização do campo e a influência de normas proibicionistas, antidrogas e de abstinência, que, quando aplicadas, findam por estigmatizar o usuário.