Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
SILVA, Emanuel Cordeiro da |
Orientador(a): |
LIMA, Stella Vírginia Telles de Araújo Pereira |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Letras
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16756
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Resumo: |
Constitui o principal objetivo deste trabalho de pesquisa investigar o comportamento sintático-semântico das construções complexas com cláusula completiva no português popular. Contrariamente à ideia de que o encaixamento sintático é típico do discurso escrito formal (GIVÓN, 1979; 1995), pressupõe-se aqui, com base numa concepção cognitivofuncional (LANGACKER, 1987b; CRISTOFARO, 2003) e escalar (GIVÓN, 1980; 2001b; CRISTOFARO, 2003; entre outros) da subordinação, que as construções encaixadas têm alta frequência na norma popular, mesmo sendo ela mais próxima do discurso oral informal, posto que os distintos graus de integração interclausal não resultam de diferenças dialetais, mas, sim, de motivações funcionais ancoradas na relação entre gramática e cognição. São admitidas as seguintes motivações funcionais: a semântica do predicado encaixador, o princípio de recuperabilidade de informação, a proximidade icônica, a iconicidade da independência e a distinção cognitiva entre processos e coisas (CRISTOFARO, 2003). A partir da concepção de subordinação adotada e dessas motivações funcionais admitidas, são investigados, quanto à tomada de complemento sentencial, os predicados encaixadores de percepção e de conhecimento (NOONAN, 2007). As duas categorias de predicado, por licenciarem completivas desenvolvidas e reduzidas, permitem a observação de diferenças em termos de graus de encaixamento sintático. Como recorte do português popular, foi escolhida a variedade linguística de Tejucupapo. A escolha de tal variedade se deu em virtude de ser representativa do português popular falado dentro de uma comunidade antiga, tradicional e rural do estado de Pernambuco. O corpus da pesquisa é composto por dados de fala produzidos por 10 falantes em entrevistas de tema livre gravadas. Foi estabelecido o tempo mínimo de 01 hora e 30 minutos para cada gravação. Todas as entrevistas totalizam cerca de 21 horas e 30 minutos de gravação. Para a seleção dos falantes, foram adotados quatro critérios: idade, escolaridade do informante, escolaridade dos pais do informante e tempo de permanência fora de Tejucupapo. Somente participaram das entrevistas falantes maiores de 35 anos, analfabetos, filhos de pais analfabetos e sem ter vivido mais de 01 ano fora de Tejucupapo. O material gravado foi transcrito com o auxílio do software de transcrição manual Transcriber 1.5.1. A transcrição obedeceu às normas do Projeto Vertentes (LUCCHESI, 2014b). Embora não descarte os resultados quantitativos, a pesquisa preza por uma análise-interpretação qualitativa dos dados. Daí que as construções com cláusulacomplemento são analisadas e interpretadas em relação aos seus contextos de ocorrência. A investigação realizada confirmou a alta frequência das construções encaixadas no português popular e a forte atuação das motivações funcionais admitidas sobre a sintaxe da complementação verbal. Na variedade linguística de Tejucupapo, são frequentes os encaixamentos sintáticos com graus de integração interclausal tanto mais baixos quanto mais elevados a depender da motivação funcional subjacente, o que evidencia que a força do vínculo sintático-semântico estabelecido entre a completiva e o seu predicado encaixador decorre, de fato, da natureza cognitivo-funcional da subordinação, e não da norma linguística falada. |