A rede de cuidadores de crianças em uma comunidade de baixa renda

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Soares, Sayonara da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16576
Resumo: O cuidado da criança envolve diferentes pessoas, concepções e práticas em contextos culturais específicos. Partindo da psicoetologia, uma perspectiva interacionista que possui um olhar biopsicossocial do ser humano – considerando que seu comportamento, assim como sua estrutura orgânica e corporal, é produto e instrumento de seu processo de evolução – o cuidado da criança pode ser compreendido a partir do cuidado parental. Este é concebido como um conjunto de ações e comportamentos selecionados ao longo da história evolutiva da espécie, de modo a garantir a sobrevivência da prole, ajustando-o a transformações socioculturais que caracterizam o modo de vida dos seres humanos. A presente pesquisa tem como objetivo investigar as redes de cuidadores de crianças de zero a seis anos por cuidadores familiares e não familiares em uma comunidade de baixa renda da cidade do Recife. De forma específica, buscou-se identificar, descrever e discutir rotinas, práticas e redes sociais de apoio que configurem o cuidado da criança, bem como perquirir modos compartilhados de cuidar da criança e as significações atribuídas ao cuidado por familiares ou outros adultos que compartilham essa tarefa. Participaram da pesquisa trinta mulheres: 16 mães, 9 avós, 2 babás, 2 empregadas domésticas e 1 tia, na faixa etária de 20 a 80 anos que tinham pelos menos uma criança de zero a seis anos sob seus cuidados. Os dados foram coletados mediante visitas à comunidade com a realização de entrevistas nas residências das participantes, o que possibilitou observar importantes aspectos do cuidado da criança e complementar os dados das entrevistas. O material coletado foi organizado de modo quantitativo, sendo, assim, possível indicar o número de integrantes das redes de cuidado, o número de homens e mulheres e de familiares e não familiares dessas redes, a frequência de crianças a instituições educacionais e outros aspectos relevantes para a caracterização da tarefa de cuidar das crianças. Realizou-se também uma análise qualitativa, buscando-se identificar núcleos de sentidos realçados nas falas das participantes. Os resultados apontam as redes de cuidadores como um importante apoio às famílias e como estratégia para compartilhar o cuidado da criança, sendo tais redes constituídas majoritariamente por mulheres familiares que residem com a criança. A prevalência feminina nas tarefas de cuidado tanto da criança quanto da casa também é um aspecto de destaque, sinalizando a manutenção de uma divisão tradicional das tarefas de cuidado e a sobrecarga de atividades enfrentada pelas mulheres. E, por fim, a instituição educacional se sobressai como um importante componente na maioria das redes de cuidadores, porém se identifica pouca confiabilidade na creche ou no CMEI, o que instiga um olhar mais atento para as questões que envolvem a opção dos pais em compartilhar ou não o cuidado/educação da criança com essa instituição e para o tipo de serviço que ela oferece. Conclui-se que investigar a rede de cuidadores da criança suscita importantes aspectos acerca da dinâmica do grupo familiar com poucos recursos financeiros. Além disso, estudos como este têm um potencial de subsidiar políticas públicas que promovam melhores condições para a criança e a família.