“Trava Transcorpocinética” : narrativas (auto)biográficas e práticas artísticas de/sobre travestis, transexuais e dissidentes sexuais e de gênero

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: BAZANTE, Brenda Gomes
Orientador(a): NUNES, Luciana Borre
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Artes Visuais
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/45748
Resumo: Nessa investigação busco entender como narrativas (auto)biográficas, construídas a partir da narração e da reflexão de/sobre memórias e experiências, podem contribuir para a criação do conceito de práticas artísticas “Trava Transcorpocinética”, através da representação das mudanças de performatividade feitas por mulheres trans e travestis, antes e após as suas transições de gênero. Esse termo nasce da junção dos seguintes elementos: imagens que representam transformações feitas no meu corpo para alterar a forma como performava o gênero, narrativas (auto)biográficas divididas em três temporalidades biográficas (corpo-instante compulsório, corpo-instante em libertação e corpo-instante “libertado”) e, finalmente, práticas artísticas criadas a partir de reflexões sobre os acontecimentos narrados em cada um desses intervalos. Sua finalidade é imbricar a narrativa texto-visual com a narrativa texto-verbal das mudanças de performatividade, entre elas as intervenções cirúrgicas, estéticas ou endocrinológicas, com o meu processo criativo na Arte Contemporânea, utilizando e tensionando, para isso, referenciais artísticos e conceituais relacionados à Arte Contemporânea, a Cronofotografia, a Arte Cinética e a Esteriometria. Ao longo da investigação, narro e contextualizo as memórias oriundas da minha infância, adolescência e início da juventude, identificando as frustrações e as dificuldades que enfrentei devido ao gênero compulsório ao qual fui designada. Nessa temporalidade, estabeleci as ligações basilares para criar o conceito de “práticas artísticas corpo-estáticas compulsórias”. Em seguida descrevi e problematizei a transição de gênero e as mudanças de performatividade realizadas nas esferas estética, endocrinológica e cirúrgica. Desta vez, relacionei as lembranças da juventude com estudos de gênero e narrativas (auto)biográficas nas artes visuais, para estabelecer as relações necessárias à criação do conceito de “práticas artísticas corpo-cinéticas em libertação”. Dando continuidade, relato como as inquietações em torno do padrão de feminilidade exigido das mulheres trans e das travestis, ocorridas ao longo da maturidade, me influenciaram a problematizar o modo como performo a identidade trans atualmente. Com isso, relaciono a última temporalidade biográfica com a criação do conceito de “práticas artísticas corpo-cinéticas “libertadas””. Nesses processos, utilizei a metodologia narrativa (auto)biográfica, tendo como procedimentos investigativos o acesso às minhas memórias por meio de diversos dispositivos. Após refletir sobre as memórias e experiências narradas, criei as práticas artísticas corpo- estáticas e as corpo-cinéticas. Ao examiná-las, considerando suas ligações com as narrativas (auto)biográficas, determinei que a passagem das silhuetas e das mudanças de performatividade de um corpo-instante para o outro, relacionadas e representadas por meio de uma performance, fundamentam o conceito das práticas artísticas Trava Transcorpocinéticas. Por fim, através da junção das palavras “trava”, “trans”, “corpo” e “cinética”, defino-o como uma ação performática na qual interajo com uma escultura cinética a fim de representar a movimentação efetuada pelo meu corpo e performatividades ao atravessar duas experiências ocorridas e narradas nas temporalidades biográficas corpo-instantes compulsório, em libertação ou “libertado”.