Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
NÓBREGA, Giselda Magalhães Moreno |
Orientador(a): |
SPINILLO, Alina Galvão |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/15520
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Resumo: |
O pensamento sobre o possível (e consequentemente sobre o impossível e a certeza) configura-se enquanto raciocínio abstrato, sendo esse um dos aspectos que caracteriza o desenvolvimento cognitivo do sujeito. Isso porque conjecturar acerca de possíveis exige habilidades hipotético-dedutivas, que permitem ao sujeito pensar sobre situações que não constituem uma realidade imediata. Apesar da importância do tema, há na literatura uma escassez de estudos acerca da concepção de possível. O estudo encontrado data de 1985, e consiste em um conjunto de experimentos realizados por Piaget e colaboradores. Na visão piagetiana, as noções sobre o possível começam a emergir por volta dos sete, oito anos. Porém, estudos recentes no campo da Psicologia da Educação Matemática têm mostrado que crianças de cinco anos já são capazes de conjecturar sobre o possível em situações que envolvem noções iniciais de probabilidade e análise combinatória. Diante disso, este estudo teve por objetivo investigar a concepção do possível em crianças no âmbito do conhecimento matemático e não-matemático. Participaram deste estudo 180 crianças de ambos os sexos, alunas de duas escolas particulares da cidade de Recife, igualmente divididas em seis grupos de participantes em função da escolaridade, que variava do Infantil III ao 5º ano. Cada participante respondeu a um conjunto de 36 perguntas acerca de ocorrência de três tipos de situações: possíveis, impossíveis e certas de acontecer – tanto no domínio de conhecimento matemático como não-matemático. Especificamente no domínio da matemática, as questões eram referentes a probabilidade e análise combinatória. Os dados foram analisados em função do desempenho (acertos) e das justificativas dadas pelas crianças. Os resultados mostraram que aos cinco anos as crianças já são capazes de pensar sobre a possibilidade (ou não) de ocorrência de situações hipotéticas a elas apresentadas. Essa concepção de possível se desenvolve ao longo do tempo, de modo que as crianças mais velhas não só apresentam um melhor desempenho como também se tornam mais capazes de justificar suas respostas de maneira fundamentada. Os dados mostraram também que com exceção das crianças do Infantil III (que evidenciam um desempenho superior nas perguntas de conhecimento não-matemático), não houve diferença significativa de desempenho entre as perguntas de conhecimento matemático e não-matemático. Tal fato sugere que desde muito cedo as crianças já se mostram aptas a conjecturar sobre o possível em diferentes contextos. No que se refere aos tipos de questões (possibilidade, impossibilidade e certeza), constatou-se que as perguntas do tipo possibilidade foram mais facilmente respondidas no âmbito do conhecimento matemático do que no âmbito do conhecimento não-matemático. Já as perguntas do tipo impossibilidade mostraram-se mais fáceis no conhecimento não-matemático. Nas questões do tipo certeza o desempenho das crianças foi semelhante nesses dois domínios de conhecimento. O fato das crianças apresentarem facilidade em pensar sobre as possibilidades no âmbito do conhecimento matemático abre caminhos para aprofundar a abordagem dos conteúdos de probabilidade e análise combinatória no contexto escolar. Se crianças a partir do 3º ano do Ensino Fundamental já demonstram ter o entendimento de situações probabilistas, talvez seja o momento de aprofundar mais as noções de probabilidade trabalhadas em sala de aula. A partir do 3º ano as crianças apresentaram um desempenho significativamente melhor em probabilidade do que em combinatória, sugerindo a existência de um “freio” no desenvolvimento deste conceito, que é essencialmente escolar. Ao que parece, os conteúdos de análise combinatória ou não estão sendo trabalhados nas series iniciais, ou a maneira como se conduz esse trabalho não permite que as crianças se apropriem e desenvolvam o seu raciocínio acerca dos princípios da combinatória. |