De lepra à hanseníase : mais que um nome, novos discursos sobre a doença e o doente 1950-1970

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Oliveira, Carolina Pinheiro Mendes Cahu de
Orientador(a): Miranda, Carlos Alberto Cunha
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/11000
Resumo: Esta tese analisa, a partir da inserção das sulfonas no tratamento médico contra a lepra e da verificação das primeiras altas dos leprosários - na década de 1950, como foi construído um novo olhar sobre a doença e os doentes, que resultou na criação da hanseníase nos anos de 1970. Se antes a segregação dos doentes era a principal arma contra a doença, na década de 1950 ela começa a ser questionada: além de não ter reduzido o número de doentes existentes no país, dificultou a notificação de novos casos, uma vez que, com medo do isolamento, muitos doentes fugiam e se escondiam das autoridades de saúde; aumentou ainda mais o estigma e o pavor em relação à lepra; destruiu milhares de famílias e a vida de muitos doentes que nunca aceitaram o isolamento. Ao mesmo tempo em que não justificava o alto custo de manutenção dos Hospitais-Colônia para o isolamento dos doentes. Como então convencer a sociedade de que era preciso aceitar esses leprosos, que deveriam se tratar em dispensários de saúde, fora do isolamento, convivendo normalmente entre os “sãos”? Principalmente, após a verificação da impossibilidade de cura para os casos mais graves da doença – os contagiosos – e do surgimento do fenômeno da sulfono-resistência? Estes dois fatores colocarão em evidência o estigma da doença, pois, os contagiosos e os sulfono-resistentes deveriam permanecer em tratamento pelo resto de suas vidas. Ao mesmo tempo, como convencer estes leprosos de que deveriam permanecer em tratamento, sob a vigilância regular dos serviços de saúde? O controle da lepra dependia do combate ao estigma da doença, que fazia com que estes pacientes se omitissem, deixassem de comparecer aos dispensários médicos, aumentando as estatísticas sobre a doença. Diante disso, tornou-se urgente formar um novo olhar sobre a doença, pois, era preciso aprender a conviver com a lepra. Somente o combate ao estigma poderia impor um controle sobre a doença. Dessa forma, cria-se a hanseníase, uma doença que se pretendia livre dos estigmas de sua antecessora.