Territórios, territorialidades e discursos em torno dos projetos de assentamentos rurais em Passira-PE: uma análise discursiva do processo de inclusão socioterritorial das famílias assentadas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: MORAIS, Hugo Arruda de
Orientador(a): CASTILHO, Cláudio Jorge Moura de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Geografia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/29884
Resumo: A presente tese de doutoramento possui como objetivo central compreender de que forma acontece o processo de inclusão socioterritorial das famílias assentadas na construção dos Projetos de Assentamentos Rurais em Passira-PE, a partir de seus discursos. Partimos da perspectiva de que na realidade brasileira [e em estudo] existe um verdadeiro campo de lutas e afrontamentos em torno da Reforma Agrária (RA) e, principalmente, dos assentamentos rurais. Uma disputa territorial que se estabelece pelo desencontro entre os discursos que contestam e propõem a RA e as práticas que possibilitam ganhos e formas de inserção social de camponeses pobres e sem-terra nesses territórios. Embates a partir do que se diz e do que se faz, entre o que se propõe como solução e o que supostamente não precisa dessa solução. Por isso, mais do que uma mera intervenção estatal nas áreas de conflitos agrários, carregadas de discursos de mudança social, sustentabilidade, integração social, econômica, política e cultural, e da defesa de uma bandeira ou da força de um movimento social, a partir do discurso em torno das ocupações de terra impulsionadas pelo MST, a construção e a efetiva inclusão desses grupos de famílias deve ser estabelecida a partir de práticas sociais que atendam as reais demandas do cotidiano territorial desses indivíduos que vivem e fazem dos assentamentos seus locais de existência. Uma vez que são os discursos associados às práticas desses sujeitos sem-terra que possibilitam novos processos de inclusão socioterritorial, a partir da construção de uma realidade simbólica e da possibilidade real de ação no espaço, na tentativa da conquista do território e em busca de transformação de sua condição de vida. A questão central indaga, portanto, sobre em que medida ocorre o processo de inclusão socioterritorial das famílias assentadas nos Projetos de Assentamentos Rurais em Passira-PE? A hipótese central parte da perspectiva que a apropriação e o uso dos territórios dos PAs, no município de Passira-PE – presente nas práticas sociais e nos discursos do Estado e dos movimentos sociais – não possibilita a real inclusão socioterritorial das famílias assentadas. A tese central está, portanto, centrada numa perspectiva que há na construção desses territórios um verdadeiro jogo ou confronto de discursos e práticas sociais divergentes, resultando em ganhos sociais muito limitados para as famílias assentadas nos PA Independência e Varame I. Fundamentados na problemática relacional, nossa análise compreende o estudo da sociedade pela sua dimensão espacial do discurso, a partir das territorialidades discursivas. Para isso, propomos como procedimento metodológico a Análise Crítica do Discurso (ACD) como instrumento técnico que nos possibilitou, mediante a descrição, interpretação e explicação dos discursos enunciados junto às famílias assentadas, compreender o processo de uso e apropriação dos sujeitos no âmbito dos territórios dos PA, a fim de aprofundar a natureza do processo de inclusão socioterritorial dessas famílias, a partir dos territórios da Reforma Agrária no Passira-PE.