"A Barbie agora é preta, travesti e engordou": uma análise crítica e interseccional do discurso e das escolhas de transitividade em letras de rap da Bixarte

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lima, Leonardo Adriano Eugênio de lattes
Orientador(a): Bezerra, Fábio Alexandre Silva lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Paraíba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Linguística
Departamento: Linguística
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Rap
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/30363
Resumo: A presente pesquisa está inserida no campo pesquisa da Linguística Aplicada Transviada (BEZERRA, 2023), e tem como objetivo investigar em que medida os discursos produzidos pela artista Bixarte, em suas letras de rap, criam, reforçam ou desestabilizam representações normativas de identidades de gênero e sexualidade (BENTO, 2017), raça e classe social (ALMEIDA, 2019; NASCIMENTO, 2016; SOUZA, 2021). A pesquisa foi desenvolvida de maneira inter/transdisciplinar, considerando os aportes teóricos e metodológicos da Análise Crítica do Discurso, especificamente do modelo tridimensional proposto por Fairclough (1992, 2001, 2003) em diálogo com o Sistema de Transitividade, ferramenta de análise textual proposta na Gramática Sistêmico-Funcional desenvolvida por Halliday e Matthiessen (2014), enfatizando a perspectiva interseccional (CRENSHAW, 2002; AKOTIRENE; 2019; BUENO, 2020). Em termos metodológicos, esta pesquisa apresenta-se em uma perspectiva de natureza qualitativa e de caráter interpretativista. Os dados analisados foram retirados de duas canções da artista, sendo a primeira faixa “Revolução” do EP Revolução e a segunda faixa “Gordo Week”, da Mixtape Faces. Os resultados das análises revelaram uma grande mobilização de figuras materiais, mentais e relacionais em ambas as canções, permitindo acessar as práticas discursivas e sociais que evidenciaram a disputa pelo poder entre os discursos articulados nas canções da artista. Notadamente, os atos discursivos performados pela artista propõe a desconstrução de instituições e estruturas hegemônicas constituídas a partir dos saberes, crenças e modos de vida do homem branco cis-hétero europeu, que por meio da imposição colonial, estabelece normas que findam com o silenciamento, a exclusão, o apagamento e a morte de identidades de pessoas negras, gordas e/ou gays ou bichas, lésbicas ou sapatão, travestis, assim como de mulheres e homens transexuais que, muitas vezes, de maneira conjunta, ocupam os espaços periféricos das cidades. Além disso, o discurso da artista configura uma nova representação social para estes corpos, conferindo o poder emancipatório da linguagem.