Percepção auditiva do desvio vocal por mulheres disfônicas e não disfônicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: França, Fernanda Pereira lattes
Orientador(a): Lopes, Leonardo Wanderley lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Paraíba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Linguística
Departamento: Linguística
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Voz
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/29531
Resumo: INTRODUÇÃO: A identificação e discriminação dos parâmetros acústicos-perceptivos envolvidos na disfonia por indivíduos disfônicos e não disfônicos ainda é obscura na literatura. A busca pela compreensão dos fatores que estão envolvidos na gênese e, principalmente, na manutenção da disfonia comportamental abre espaços para investigações perceptivas da produção da voz. OBJETIVO: Investigar a percepção auditiva do desvio vocal por mulheres disfônicas e não disfônicas. MÉTODOS: Participaram da pesquisa 24 mulheres disfônicas (GE) e 10 não disfônicas (GC), atendidas no Laboratório Integrado de Estudos da Voz (LIEV). Foi realizada triagem vocal, gravação da emissão da vogal /Ɛ/ sustentada, realizado exame audiológico e análise acústica das medidas: fo, DPfo, jitter shimmer, GNE, HNR, CPPS, F1 e F2. Um fonoaudiólogo realizou o julgamento perceptivo-auditivo da qualidade da voz, com relação ao predomínio e grau do desvio dos estímulos utilizados para os experimentos. Por meio de um banco de dados, 38 estímulos foram selecionados, incluindo 28 amostras de vozes disfônicas e 10 de vozes normais. Cinco experimentos de percepção foram realizados: 1º, 2º e 3º experimento: tarefas de categorização (vozes normais x vozes disfônicas; vozes normais x vozes predominantemente rugosas; vozes normais x vozes predominantemente soprosas); 4 e 5º experimento: tarefas de discriminação dos graus de desvio vocal (diferentes graus de rugosidade; graus de soprosidade). Os dados foram tabulados e submetidos à análise descritiva e inferencial. RESULTADOS: As mulheres do GE apresentaram menor taxa de acerto (52,2%) na identificação das vozes disfônicas em relação à taxa de acerto (69,6%) das mulheres do GC (p-valor < 0,001). As mulheres do GE apresentaram menor taxa de acerto na identificação de vozes predominantemente rugosas (62,7%) e soprosas (62%), em relação à taxa de acerto das mulheres do GC (73% e 75,6%, respectivamente) (p-valor < 0,001). Houve correlação negativa moderada entre a taxa de acerto de mulheres não disfônicas e os valores de shimmer. Quanto à discriminação dos graus de rugosidade, as mulheres do GC apresentaram maior taxa de acerto na discriminação entre os graus: leve e moderado (100%), em relação às mulheres com predomínio de rugosidade graus leve (60%) e moderado (63%); e moderado e intenso (100%), em relação às mulheres com predomínio de rugosidade grau moderado (74,1%). Quanto à soprosidade, as mulheres do GC, apresentaram maior taxa de acerto na discriminação entre vozes normais e predominantemente soprosas com grau leve (83,3%), em relação às mulheres com predomínio de soprosidade grau leve (25%). As mulheres do GC apresentaram menor taxa de acerto na discriminação entre vozes predominantemente soprosas entre os graus leve e moderado (33,3%), em relação às mulheres com predomínio de rugosidade grau leve (86,7%), predomínio de soprosidade grau leve (91,7%) e moderado (83,3%). CONCLUSÃO: A presença da disfonia pode interferir na identificação de vozes disfônicas. Mulheres disfônicas apresentaram menor taxa de acerto na identificação da disfonia, e dos parâmetros de rugosidade e soprosidade, quando comparadas às mulheres não disfônicas. O shimmer associou-se à maior taxa de acerto de vozes predominantemente soprosas, por mulheres não disfônicas. Mulheres disfônicas apresentaram dificuldades na discriminação dos parâmetros de predomínio e do grau do desvio relacionados à sua própria qualidade vocal.