Depósitos de rampa carbonática ediacarana do Grupo Corumbá, região de Corumbá, Mato Grosso do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: OLIVEIRA, Rick Souza de lattes
Orientador(a): NOGUEIRA, Afonso César Rodrigues lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/14787
Resumo: Os eventos deposicionais ocorridos após as glaciações globais do final do Criogeniano (850 -635 Ma) foram marcados pela implantação de extensas plataformas e rampas carbonáticas, desenvolvidas em várias regiões cratônicas do planeta. Neste período, uma das inovações bioevolutivas foi o surgimento dos primeiros animais com esqueleto calcificado como o gênero Cloudina (~548 Ma). Na América do Sul, um dos melhores registros de depósitos carbonáticos do Ediacarano (635-542 Ma) com este macrofóssil é o Grupo Corumbá,está exposto no sudeste do Cráton Amazônico. Estes depósitos foram posteriormente deformados pela tectônica Pan-Africana-Brasiliana que levou ao estabelecimento da Faixa Paraguai na transição Neoproterozóico-Cambriano. A análise de fácies e estratigráfica, auxiliada por isótopos de C, O e N, do Grupo Corumbá, representada pelas formações Bocaina e Tamengo, na região de Corumbá e Porto Morrinhos, Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil, permitiu reconstituir a rampa carbonática ediacarana e o habitat de Cloudina. A Formação Bocaina é constituída por ciclos métricos de raseamento ascendente que formam duas associações de fácies: 1) planície de intermaré, que consiste em quartzo-arenitos finos, com grãos bem selecionados e arredondados, cimentados por dolomita; dolomitos finos com estromatólitos estratiformes e colunares, com porosidade fenestral/bird´s eyes e gretas de contração; e 2) baixios de submaré, formados principalmente por dolomitos intraclásticos (intraclastos de dolomicrito e dolowackestone peloidal), arenitos finos e folhelhos subordinados. Estruturas deformacionais ocorrem em ambas as associações e são relacionadas a processos de liquefação e fluidificação, possivelmente induzidos por sísmicidade. A Formação Tamengo consiste nas associações de: 1) shoreface com barras oolíticas, composta de packstones intraclásticos e oolíticos, e ritmitos mudstone calcífero/folhelho betuminosos com macrofósseis Cloudina em bom estado de preservação; e 2) offshore influenciado por tempestades, constituída por calcários cristalinos com raros grãos terrígenos, acamamento maciço, estratificação cruzada hummocky/swaley, laminação cruzada de baixo-ângulo e fragmentos de Cloudina. Pelitos e folhelhos separam as camadas de tempestitos distais. Cloudina habitava ambientes protegidos no shoreface periodicamente retrabalhado por tempestades que acumulavam coquinas na zona de offshore. A alta concentração de carbono (TOC de até 0,41%) e os valores positivos de δ13C (1,5 a 5,4‰) e δ15N (entre 3,5 e 4,5‰) dos depósitos com Cloudina indicam para o final do Neoproterozóico, uma alta produtividade orgânica e concentração de oxigênio, semelhante às encontradas na atual interface atmosfera/oceano.