Evolução dos pântanos da região central da península de Bragança-PA de acordo com as mudanças do nível relativo do mar durante o holoceno

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: CAMARGO, Paloma Maria Pinto lattes
Orientador(a): CORRÊA, José Augusto Martins lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/8947
Resumo: Esta pesquisa integra dados de geomorfologia, feições sedimentares, pólen, diatomáceas, isótopos, mineralogia, análises químicas e datações C-14 obtidos de testemunhos da Península de Bragança, litoral do Pará. Os dados polínicos indicam que a zona central e topograficamente mais elevada da Península de Bragança foi uma área dominada por manguezais, com ampla expansão de árvores de Avicennia, presença de diatomáceas marinhas, uma tendência de aumento de matéria orgânica sedimentar de origem estuarina e uma assembleia mineralógica formada principalmente por pirita e hematita típica de sedimentos redutores de manguezais entre >6300 e ~4900 cal anos AP. Entre 4900 e 4300 cal anos AP houve uma zona estéril, sem pólen que pode ser interpretada como um brusco desaparecimento da vegetação costeira (manguezal e pântanos salgados). Nesse intervalo ocorrem ainda espécies de diatomáceas marinhas e estuarinas, assim como um aumento na contribuição de matéria orgânica sedimentar de origem marinha e um desaparecimento de minerias tipicamente formados em ambientes redutoes. No Holoceno tardio (<4300 cal anos AP), o local de estudo foi recolonizado por ervas com árvores de Avicennia restritas às bordas da planície herbácea e uma significativa tendência de aumento da contribuição de matéria orgânica de origem terrestre (plantas C4), além da presença de resíduos de diatomáceas de água doce. A composição mineralógica é formada principalmente por minerais típicos de ambientes expostos a intensa evaporação. Nas últimas décadas existe uma tendência de migração dos manguezais por sobre superfícies mais elevadas ocupadas por ervas de metabolismos C3 e C4, assim como um aumento na contribuição de matéria orgânica de origem estuarina e uma tendência de incremento nas concentrações de Sr na superfície (últimos 10 cm). Tais dados sugerem fortemente uma dinâmica dos manguezais e pântanos salgados controlados principalmente pela variação do nível relativo do mar. Provavelmente, o aumento do nível relativo do mar pós-glacial contribuiu significativamente para a implantação e expansão dos manguezais na Península de Bragança com grande impacto na expansão de árvores de Avicennia, diatomáceas marinhas/estuarinas, aumento na contribuição de matéria orgânica de origem estuarina e favorecimento de ambientes adequados para a precipitação por exemplo de pirita. Entre 4900 e 4300 cal anos AP, provavelmente o nível relativo do mar continuou aumentando. Isso causou um aumento na contribuição de espécies de diatomáceas marinhas/estuarinas e matéria orgânica de origem marinha, porém o contínuo aumento do nível relativo do mar na área de estudo afogou os manguezais e vegetações associadas, causando o desaparecimento desses pântanos do local de estudo, e, consequentemente, desfavorecimento das condições de anoxia do substrato que inviabilizou a precipitação de minerais formados por S e Fe. Após 4300 anos, houve um aumento na contribuição de matéria orgânica de origem de plantas C4 terrestre, assim como a presença de fragmentos de diatomáceas de água doce. A composição mineralógica sugere um ambiente árido tipo sabkha. Tais dados sugerem uma diminuição no nível relativo do mar que causou a recolonização por ervas de metabolismos principalmente C4 com presença de árvores de Avicennia apenas nos setores topograficamente mais baixos da planície herbácea. Considerando as últimas décadas, a migração das árvores de Avicennia em direção aos campos herbáceos, assim como a tendência de aumento de matéria orgânica de origem estuarina e nas concentrações de Sr para o topo do testemunho analisado sugerem um aumento no nível relativo do mar.