Figurações do pobre em Dalcídio Jurandir: do chalé à rua das palhas em “Chove nos Campos de Cachoeira"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: HAGE, José Elias Pereira lattes
Orientador(a): FURTADO, Marli Tereza lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Instituto de Letras e Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/7977
Resumo: Este trabalho tem por finalidade fazer um estudo sobre a representação do pobre na literatura de Dalcídio Jurandir (1909-1979), no livro Chove nos campos de Cachoeira (1941). O intuito do estudo é trazer um novo olhar sobre a produção ficcional do escritor, com base na relação social de personagens e conhecer, por meio da ficção, a realidade dos menos favorecidos que habitam a região amazônica. Em dez romances, publicados entre 1941 e 1978, o escritor paraense contruiu o ciclo Extremo Norte, no qual se propôs revelar uma história da Amazônia pelo olhar de um povo forte e cheio de humanidade. Em Chove nos campos de Cachoeira, primeira obra do ciclo, nos deparamos com dois personagens protagonistas: Alfredo e Eutanázio, que no decorrer do romance se envolvem com diversos tipos característicos da pobreza amazônica, e é por conta disso, inclusive, que o presente trabalho optou por acompanhar a realidade do pobre a partir do olhar diferenciado desses dois personagens. Ambos entram em conflito internamente em várias situações pela falta de dinheiro. Enquanto Eutanázio, com quase 40 anos, acometido de uma doença fatal, inicia e termina sua trajetória nessa primeira obra, Alfredo com 10 anos está iniciando seu caminho e se tornará o protagonista de mais oito obras do ciclo. Dalcídio Jurandir refrata a realidade da carência das coisas em seus romances. Existe a carência de bens e serviços essenciais; a carência de recursos econômicos; bem como a carência social, que trata da exclusão social, que é a impossibilidade de participar da sociedade, evidenciada pela postura preconceituosa em relação ao caboclo do interior do estado. Eutanázio reclama e se ressente pela falta de dinheiro. Essa reclamação repercurte dentro do personagem e reverbera nas obras de Dalcídio Jurandir explicitando também em outros personagens a decorrência da pobreza de diversas situações. Em Chove nos campos de Cachoeira em diversos trechos, tudo se passa como se a pobreza desse o tom de tudo, visualizada ao redor e nas elocubrações internas dos personagens. O estudo teve como metodologia a pesquisa e análise bibliográfica e teve como referencial teórico obras de estudiosos na linha de análise de literatura e sociedade como Antonio Candido e Roberto Schwarz, entre outros, bem como de estudiosos da realidade social como Fábio Castro e Eugenio Giovenardi, entre outros. A noção de pobreza que norteará todo o trabalho terá como base dois princípios fundamentais: a noção de subsistência e a noção social.