Integração no ensino médio: luta hegemônica pela significação do currículo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: CARDOSO, Maria Gorete Rodrigues lattes
Orientador(a): ROCHA, Genylton Odilon Rêgo da lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Instituto de Ciências da Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/8797
Resumo: No transcurso das reformas curriculares do ensino médio colocadas em ação no Brasil entre os anos de 1990 a 2010, uma ideia que ganhou força e em torno do qual vinham se articulando um variado número de demandas e motivado intensas disputas e negociações de sentidos é a ideia de integração. O tema da integração curricular tem assumido notável centralidade nos debates curriculares contemporâneos em função da própria importância atribuída à questão da organização curricular como condição para realizar mudanças e inovações neste nível de ensino requeridas pela atualidade. Em função da centralidade que o tema apresenta no contexto da política curricular brasileira, esta pesquisa focaliza as formações discursivas que buscam significar a integração nos textos curriculares oficiais produzidos no período de 1998 a 2012. As questões de investigação que deram origem ao estudo buscam responder aos seguintes questionamentos: Como e quando o significante integração emerge na política curricular brasileira para o ensino médio? Que sentidos de integração vêm sendo disputados nos textos curriculares oficiais? Por meio de que operações de equivalência e de diferenças alguns sentidos tem alcançado hegemonia? Quais os antagonismos e as demandas que formam a cadeia articulatória dos discursos de integração? Com base nestas questões, o objetivo central da pesquisa é compreender o processo de produção dos discursos de integração na política curricular para o ensino médio enquanto luta hegemônica pela significação do currículo. Metodologicamente, a pesquisa se pauta numa abordagem qualitativa e se caracteriza como um estudo bibliográfico e documental que reúne diversas obras e documentos oficiais relativos à história e à política curricular do ensino médio brasileiro. A Teoria do Discurso de Ernesto Laclau, o Ciclo Contínuo de Políticas de Stephen Ball e as incorporações dessas perspectivas teórico-analíticas ao campo do currículo por Alice Casimiro Lopes, Elizabeth Macedo e Lourdes Rangel Tura são os aportes estratégicos que subsidiam a investigação. Os resultados alcançados me possibilitam confirmar a hipótese de que os discursos de integração hegemonizados na política curricular para o ensino médio não apresentam significados fixos e estáveis, mas vinculam uma multiplicidade sentidos cambiantes e deslizantes, até porque foram construídos por meio de relações de diferenças e equivalências entre antigas e novas exigências curriculares que têm disputado espaço no texto político oficial. Dessa forma, defendo que em torno do significante integração vêm se articulando diferentes demandas colocadas por grupos e sujeitos com poder de influenciar a produção da política num dado contexto histórico, cultural e político, os quais lutam pela significação do currículo deste nível de ensino, assumido a integração sempre como um ideal a ser alcançado. Pela impossibilidade da fixação de um sentido literal e transparente capaz de abarcar ou cancelar todas as diferenças que atravessam a luta política, a negociação em torno da integração faz emergir nos textos políticos um significante vazio, sob o qual deslizam sentidos ambíguos, contraditórios, flutuantes e fluidos como condição de possibilidade de sua própria existência.