Geologia, petrografia e geoquímica do Granodiorito Sanukitoide Arqueano Rio Maria e rochas máficas associadas, leste de Bannach-PA

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: OLIVEIRA, Marcelo Augusto de lattes
Orientador(a): DALL’AGNOL, Roberto lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11947
Resumo: As ocorrências do Granodiorito Rio Maria (GDrm), a leste da cidade de Bannach, imediatamente a oeste de sua área tipo estão inseridas no Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria, sudeste do Cráton Amazônico. Assim como nas demais ocorrências, o GDrm é caracterizado nessa região por marcante presença de enclaves máficos, porém tem-se, além disso, domínios expressivos de rochas máficas a intermediárias (RMI), associadas e ligadas geneticamente ao GDrm. Na área estudada, o GDrm é intrusivo nas seqüências supracrustais do Supergrupo Andorinhas. Admite-se idades similares em relação aos tonalitos-trondhjemitos arqueanos (TTGs). Ele é intrudido por leucogranitos correlacionados aos granitos Xinguara e Mata Surrão e pelos granitos paleoproterozóicos Musa e Bannach da Suíte Jamon. As rochas do GDrm propriamente dito tem aspecto bastante homogêneo, com textura, equigranular média a grossa e composição essencialmente granodiorítica com variações monzograníticas localizadas. Em geral, o GDrm apresenta coloração cinza clara com tons esverdeados, devidos aos cristais de plagioclásio saussuritizados. Os monzogranitos tendem a apresentar cor cinza rosada com tons esverdeados. De uma forma geral, o GDrm apresenta uma foliação de direção WNW-ESE. As RMI concentram-se em duas ocorrências: um corpo principal, localizado próximo à cidade de Bannach, formado por quartzo-dioritos e quartzo-monzodioritos, e uma ocorrência menor situada na porção central da área, onde foram identificadas rochas acamadadas. As rochas do corpo maior são mesocráticas, verde-escuras, por vezes com tons rosados. Têm textura equigranular, fina a grossa. As rochas acamadadas foram originadas por processo cumulático, são inequigranulares com concentrações notáveis de cristais grossos de anfibólio, em geral quadráticos ou em prismas curtos, envoltos por material intercumulus leucocrático. As rochas do GDrm e RMI apresentam grandes similaridades texturais e mineralógicas, sendo o GDrm formado essencialmente por epidoto-biotita-hornblenda-granodiorito (EpBtHbGd) com variações bastante localizadas para epidoto-hornblenda-biotita-granodiorito (EpHbBtGd) e epidoto-biotita-hornblenda-monzogranito (EpBtHbMzG). Os enclaves máficos presentes no GDrm são epidoto-biotita-hornblenda-dioritos (EpBtHbDr) transicionando para variedades monzodioríticas. No corpo máfico principal domina epidoto-biotita-hornblendaquartzo-diorito (EpBtHbQzD) e epidoto-biotita-hornblenda-quartzo-monzodiorito (EpBtHbQzMzD). As rochas acamadadas são enriquecidas em máficos, sobretudo anfibólio, com feldspato potássico ausente ou inexpressivo. As amostras do GDrm e RMI apresentam caráter metaluminoso e características afins com as séries cálcico-alcalinas em certos diagramas, porém mostram conteúdos mais baixos de Al2O3 e CaO e mais altos de MgO, Cr e Ni do que estas séries, assemelhando-se geoquimicamente às suítes sanukitóides da Província Superior do Canadá. Os conteúdos e padrões de elementos terras raras das diferentes rochas são bastante similares, com enriquecimento acentuado em elementos terras raras leves (ETRL) em relação aos elementos terras raras pesados (ETRP), indicando forte a moderado fracionamento dos ETRP (La/Ybn=11,92 a 44,38). Há, entretanto, diferenças importantes nos valores da razão (La/Yb)n, mais baixos nos EpBtHbQzD e EpBtHbQzMzD (La/Ybn=17,20 a 22,81) do que no GDrm (La/Ybn=15,52 a 44,38), e enriquecimento relativo em ETRP nas rochas acamadadas (La/Ybn=11,92 a 14,37), provavelmente em resposta ao acúmulo de anfibólio nas mesmas. O GDrm e RMI tem algumas afinidades e ao mesmo tempo significativos contrastes geoquímicos e são interpretados como cogenéticos, porém não comagmáticos. Os dados geoquímicos mostram, ainda, que há uma descontinuidade entre ambas e as rochas acamadadas e enclaves máficos, sugerindo diferentes processos de formação para esses grupos de rochas. As características petrográficas, geoquímicas e de campo indicam a cogeneticidade das rochas do GDrm e RMI. Entretanto os dados geoquímicos levam a destacar a hipótese de um trend de evolução ligando as rochas intermediárias e o GDrm por cristalização fracionada. A ampla distribuição de rochas granodioríticas e a escassez de rochas intermediárias nas diferentes ocorrências do GDrm também não favorecem a hipótese de uma origem comum para GDrm e RMI. Admite-se, portanto, que os dois grupos de rochas derivaram de líquidos distintos, evoluindo independentemente. Conclui-se, ainda, que as rochas intermediárias provém de fontes similares às do GDrm, mas resultam possivelmente de um maior grau de fusão. As particularidades das rochas acamadadas indicam que as mesmas, embora geneticamente vinculadas à associação sanukitóide, tem uma evolução magmática particular envolvendo a participação de processos de acúmulo de cristais.