Diversidade clínica e peculiaridades da transmissão do vírus Linfotrópico-T humano em famílias da Região Metropolitana de Belém-Pará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: COSTA, Carlos Araújo da lattes
Orientador(a): SOUSA, Maisa Silva de lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Doenças Tropicais
Departamento: Núcleo de Medicina Tropical
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/9082
Resumo: Os vírus linfotrópicos-T humanos, do tipo 1 (HTLV-1) e tipo 2 (HTLV-2), foram os primeiros retrovírus descobertos nos humanos e assim denominados porque habitam os linfocitos-T. Ttransmitem-se principalmente por tranferência de linfócitos infectados da mãe para filho(a) na amamentação e do homem para mulher pelo sêmem. O HTLV-1 é o agente causal de mielopatia incapacitante (HAM/TSP), da leucemia/linfoma de células T do adulto (ATLL) e outras doenças. A alta endemicidade desses vírus em agregados familiares da área metropolitana de Belém-Pará requisita investigações que melhor caracterizem a disseminação viral e a morbidade decorrente. Este estudo foi desenvolvido no intuito de caracterizar a diversidade clínica e peculiaridades da transmissão do HTLV em famílias de Belém-Pará. Entre 2007 e 2015, foram investigados 178 grupos familiares de portadores confirmados dos vírus (casos índices), 140 de HTLV-1 e 38 de HTLV-2, donde 433 integrantes (comunicantes) submeteram-se a testagem sorológica de anticorpos anti-HTLV-1/2 pelo método Elisa e a exame de detecção do DNA proviral no sangue. Aspectos clínicos foram avaliados em todos os indivíduos e famílias. Dos 611 investigados 64,6 % eram do gênero feminino e 37,9 % masculino, com média de idade de 41 anos. A transmissão do HTLV ocorreu em 92 famílias (51,8 %) com uma concentração de três a quatro infectados/família. A infecção prevaleceu no gênero feminino (p>0,0001) e a via sexual foi mais expressiva que a vertical (p=0,0002). Foram reconhecidos como sintomáticos 44,3 % (62/140) dos casos índices de HTLV-1 e 9,9 % dos comunicantes (11/111). As modalidades diagnósticas mais prevalentes foram neurológicas (21,4 %) e dermatológicas (19,3 %), predominando os sintomas osteoneuromusculares, disautonômicos e alterações da pele. As principais doenças causadas pelo HTLV-1, entre os 251 infectados, foram: HAM/TSP = 7,2% (18); doenças linfoproliferativas = 2,6 % (6); hiperinfestação por S. stercoralis = 1,6 % (4); dermatite infectiva 1,2 % (3) e uveíte = 0,4 % (1). A via parenteral foi a forma de transmissão mais comum do HTLV-1 na causalidade de agravos neurológicos (HAM/TSP) e a vertical nas doenças linfoproliferativas incluindo a ATLL. Em algumas das famílias o HTLV disseminou-se incrustado por gerações de forma “sui generis”, mimetizando um fator genético, diferenciando-se de outros patógenos. Também foi observada inequívoca versatilidade do HTLV-1 em provocar uma diversidade de agravos clínicos nos organismos humanos, muitos deles configurando doenças bem definidas quanto à causalidade do vírus.