Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2006 |
Autor(a) principal: |
MENESES, Maria Ecilene Nunes da Silva
 |
Orientador(a): |
COSTA, Marcondes Lima da
 |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Pará
|
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
|
Departamento: |
Instituto de Geociências
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: |
|
Área do conhecimento CNPq: |
|
Link de acesso: |
http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11961
|
Resumo: |
A paisagem do nordeste do estado de Roraima é constituída por uma superfície de aplanamento, vegetada por savanas, onde ocorrem inúmeras depressões ocupadas por lagos e brejos. Um grande número destes lagos é encontrado na área de interflúvio dos rios Cauamé e Mucajaí, nas proximidades da Cidade de Boa Vista (capital do estado), onde a urbanização acelerada e desordenada, tem se sobreposto à paisagem lacustre, causando o desaparecimento precoce de muitos lagos. Nesse contexto, o presente trabalho visa conhecer estes ambientes, entender a sua dinâmica funcional no âmbito do cenário savânico e ainda avaliar os possíveis impactos antrópicos. Para tanto, foram analisadas as características fisiográficas dos lagos, granulométricas, mineralógicas e químicas dos sedimentos de substrato e físico-químicas das águas. Estes lagos, de formas goticulares, circulares, elipsoidais e geminadas, apresentam-se em sua maioria conectados aos igarapés, constituindo suas nascentes. São lagos pequenos (em geral < 5 hectares) e rasos com profundidades em sua maioria variáveis entre 0,8 e 1,8 m. Em função disso, são fortemente influenciados pela sazonalidade, a julgar pelo caráter intermitente apresentado pela maioria (cerca de 65 %). Estes lagos se caracterizam ainda por apresentarem-se densamente colonizados por macrófitas aquáticas, principalmente por ciperáceas (macrófitas emersas), as quais se distribuem ao longo das bacias, conforme as variações de profundidades destas. Os sedimentos dos substratos destes lagos são predominantemente arenosos, com grãos angulosos e subangulosos, de baixa esfericidade. São constituídos essencialmente de quartzo (87,8 %) com ocorrência menos freqüente de caulinita (8,8 %). A composição química destaca-se pelas concentrações altas de SiO2 (91,92 %) e pelos baixos valores de Al2O3 (3,48 %) e Fe2O3, (0,24 %) que corroboram as análises mineralógicas, caracterizando possivelmente, ambientes de formação de solos podzólicos. As águas com temperaturas entre 30 e 34 °C refletem as condições térmicas típicas do clima da região (Awi na classificação de Köppen). O pH na maioria desses lagos apresentou-se ácido, variando entre 5,0 e 6,0. No entanto, alguns lagos urbanos mostraram valores de pH próximo de básico a neutro entre 6,57 e 8,20 , fato que pode ser atribuído às atividades antrópicas (lavagem de roupas, lançamento de efluentes domésticos etc) praticadas em suas bacias. A condutividade elétrica variou entre 4 e 14 µS/cm, refletindo as baixas concentrações de sólidos totais dissolvidos, cujos valores variaram entre 2,0 e 7,0 mg/L. Quanto ao oxigênio dissolvido, mostrou concentrações entre 4,0 e 5,7 mg/L, excetuando-se as águas do lago Nova Cidade que apresentou um valor de 2,2 mg/L, fato explicável pela presença de densa ocupação por macrófitas aquáticas, que nos processos de decomposição consomem grandes quantidades deste gás. Os aspectos fisiográficos destes lagos indicam de um modo geral que a ocorrência dos mesmos no ambiente baixo e plano das savanas está relacionada ao afloramento do lençol freático, que sazonalmente intercepta as depressões do terreno, ou aflora nas áreas planas da superfície, na forma de olhos d’água, dando origem aos lagos e brejos. As análises dos sedimentos encontrados nestes lagos possibilitaram correlacioná-los aos sedimentos arenosos da Formação Boa Vista, a julgar pela ausência de sedimentos tipicamente lacustres, e pela semelhança granulométrica, mineralógica e química entre estes e a referida unidade sedimentar. Estas análises mostraram ainda que, apesar da proximidade espacial entre os lagos e o rio Branco, não há correlação mineralógica entre os mesmos, devido à presença de illita nos sedimentos da planície de inundação do referido rio, cuja ocorrência não se registrou nos lagos estudados. A paisagem de lagos estudada neste trabalho constitui-se um sistema impar no contexto dos cenários amazônicos, cuja importância vai além de sua ostentável beleza cênica. Muitos dos lagos que a compõem encontram-se em vias de extinção, dado à sua própria condição de ambiente transitório, mas, principalmente em função de vários impactos de ordem antropogênica impostos aos mesmos. Dessa forma, faz-se necessário a tomada de medidas conservativas, a fim de amenizar estes impactos, de forma a garantir a sobrevida destes remanescentes hídricos. |