Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
SILVA, Uibirá Sena
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Orientador(a): |
COSTA, Marcondes Lima da
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Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Pará
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
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Departamento: |
Instituto de Geociências
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/14808
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Resumo: |
Sítios TPA são comuns na região amazônica. Destacam-se pelo grande conteúdo de fragmentos de vasilhas cerâmicas, urnas funerárias e artefatos líticos. Como solos, se apresentam com elevada fertilidade em relação aos solos circunvizinhos. A origem dos solos tipo TPA é relacionada às atividades cotidianas de populações pré-históricas que viveram em assentamentos antigos por longos períodos nos últimos milhares de anos na Amazônia. Pesquisas recentes mostram que os fragmentos cerâmicos destes sítios apresentam fertilidade tão alta ou superior à do próprio solo que os envolve, podendo se constituir em uma potencial fonte de nutrientes para estes solos. O presente trabalho investigou os solos e os fragmentos cerâmicos de dois sítios TPA localizados em regiões distintas da Amazônia: o Sítio da Mata, localizado na região metropolitana de São Luís do Maranhão, área de transição floresta savana; e o Sítio Porto de Santarém, localizado na foz do rio Tapajós, área originalmente de floresta, mas atualmente urbanizada. A pesquisa objetivou caracterizar e diferenciar o material dos dois sítios, buscando relacioná-los aos diferentes contextos geomorfológicos nos quais estão inseridos. No Sítio da Mata foram coletadas amostras no perfil de TPA e de solo adjacente, e no Sítio Porto de Santarém apenas no perfil de TPA. As amostras compreendem tanto a matriz solo como fragmentos cerâmicos. Esse material foi submetido a análises granulométricas (apenas amostras de solo), análises mineralógicas por Difração de Raios-X (DRX), química total por ICP-MS/OES, e análise dos parâmetros de fertilidade. Foram também quantificadas as espécies de fósforo (apatítico, Fe-Al e orgânico) presentes nos solos e nos fragmentos cerâmicos. Os solos TPA do Maranhão e de Santarém apresentam elevados conteúdos de fração areia, com textura variando de franco-siltosa a areia franca no Sítio da Mata e textura franco-arenosa em todo o perfil do Sítio Porto de Santarém. A composição mineralógica dos solos não apresentou diferenças significativas entre os sítios estudados: constituem-se basicamente de quartzo e caulinita como minerais principais, e anatásio e muscovita como minerais acessórios nos dois sítios. As análises químicas revelam solos dominados por SiO2 e Al2O3, corroborando a mineralogia, tendo Fe2O3 e TiO2 em menores proporções. P2O5, CaO, K2O e MgO estão em concentrações inferiores a 0,5%, porém, mais elevados na TPA do Porto de Santarém. Entre os elementos traço analisados, apenas V, Cu, Zn, Sr e Ba se destacam, da mesma forma mais elevados no Sítio Porto de Santarém. As concentrações e os padrões de distribuição dos elementos terras raras, quando normalizados aos condritos, são semelhantes nos dois sítios, com enriquecimento dos ETRL e forte anomalia positiva de Ce, e negativa de Eu. As diferenças apenas nos conteúdos de P disponível, Ca2+ e Mg2+, mesmo que em valores relativamente baixos, sugerem influência antrópica diferenciada sobre os solos pré-TPA. Os solos TPA do Sítio Porto de Santarém apresentam fertilidade mais elevada, dada pelos maiores teores de P disponível, variando de 72,9 a 305,7 mg Kg-1, e Ca2+, variando de 3,52 a 5,16 mg Kg-1, contra 5,4 a 12,7 mg Kg-1 de P e 0,96 a 2,31 mg Kg-1 de Ca2+ no Sítio da Mata. CTC, soma e saturação por bases e teor de matéria orgânica também são superiores na TPA do Sítio Porto de Santarém. Os fragmentos cerâmicos dos dois sítios são constituídos por quartzo e metacaulinita, além de illita e anatásio. Albita e microclínio foram identificados somente nos FC do Sítio Porto de Santarém. São, desta forma, formados principalmente por SiO2 e Al2O3, e Fe2O3 e TiO2 em menores proporções. Em Santarém, entretanto, os fragmentos contém ainda teores elevados de P2O5, de 3,49 a 5,37%, e os valores de CaO, K2O, Na2O, Cu, Zn, Sr e Ba suplantam aqueles do Sítio da Mata. As concentrações e os padrões de distribuição dos ETR são semelhantes nos FC dos dois sítios, com enriquecimento de ETRL, anomalia positiva de Ce e anomalias negativas de Eu e Ho. Portanto os fragmentos cerâmicos do Sítio Porto de Santarém são mineralogicamente distintos daqueles do Sítio da Mata, embora estejam em uma matriz de solo idêntica nos dois sítios. A presença de fósforo é compatível com os demais fragmentos encontrados em outros sítios TPA na Amazônia. A fertilidade dos FC do Sítio Porto de Santarém apresentou melhores parâmetros, com pH levemente superior aos dos FC do Sítio da Mata, maiores teores de Ca2+, K+ e principalmente de P disponível, além de maiores CTC e soma e saturação por bases, corroborando a fertilidade mais elevada no Sítio Porto de Santarém. O fracionamento de fósforo revelou que na matriz dos solos das TPAs estudadas o fósforo está ligado principalmente a compostos orgânicos, enquanto nos fragmentos cerâmicos aparece principalmente como inorgânico não apatítico. Fosfato apatítico aparece em pequenas concentrações na matriz dos solos e nos fragmentos cerâmicos dos dois sítios. É provável, portanto, que o fósforo que estava presente em materiais orgânicos descartados pelos povos antigos, como ossos diversos, entre outros materiais, ao serem submetidos à pedogênese tropical, foram gradualmente dissolvidos, liberando o fósforo, que foi parcialmente fixado como fosfatos de Fe e/ou Al, fases minerais comuns em solos tropicais, bem como na matéria orgânica, abundante nas TPAs, representando as frações de fósforo inorgânico não apatítico e de fósforo orgânico respectivamente. |