Maciço granítico Musa: mapeamento, petrologia e petroquímica, Rio Maria, SE do Pará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1987
Autor(a) principal: GASTAL, Maria do Carmo Pinto lattes
Orientador(a): DALL'AGNOL, Roberto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/15255
Resumo: O maciço granítico Musa, situado no extremo-sudeste do estado do Pará (porção sul na Província Mineral'de Carajás), é uma intrusão permissiva, colocada em níveis crustais rasos. Secciona rochas do embasamento regional, anteriormente englobadas no Complexo Xingú, incluindo o granodiorito Rio Maria, a seqüência tipo greenstone belt da Pedra Preta e os gnaisses arqueanos. Falhas e fraturas pré-existentes exerceram papel importante na colocação do maciço. Há importantes mineralizações de wolframita em veios de quartzo, nas adjacências do granito, onde o mesmo secciona a seqüência tipo greenstone, na área da Pedra Preta (a oeste). A origem da mesma se deve ao retrabalhamento termometamórfico do W contido nas rochas da seqüência greenstone, à época de intrusão do maciço Musa. As relações de contato com as encaixantes revelam alto contraste de viscosidade entre o magma granítico e as mesmas e, que foram atingidas condições de metamorfismo de grau médio e pressões inferiores a 4 kbar. A faciologia do maciço inclue biotita granitos leucocráticos a hololeucocráticos, contendo anfibólio e titanita, os quais foram divididos em monzogranitos e sienogranitos e, rochas hipoabissais intermediárias e ácidas (microdioritos, dacitos pórfiros e granitos pórfiros). As relações entre as diversas fácies indicam que os monzogranitos são as de colocação mais precoce, sendo cortadas pelos diques e ambos, por sua vez, truncados pelos sienogranitos. Nos monzogranitos é comum a existência de enclaves de composição monzo a granodiorítica, interpretados como resíduos cristalinos carregados em equilíbrio pelo magma. Variações texturais e mineralógicas constatadas nos dois grupos de fácies graníticas permitiram subdividi-los em sete fácies petrográficas distintas: Biotita-anfibólio monzogranito, anfibólio-biotita monzogranito, biotita-monzogranito, leucomonzogranito, anfibólio-biotita sienogranito, leucosieno-granito e microsienogranito. Algumas rochas graníticas que ocorrem associadas aos veios mineralizados da Pedra Preta assemelham-se às fácies leucosienograníticas heterogranulares, rindo por mostrarem-se mais intensamente transformadas eventos tardi-magmáticos. As diferentes fácies graníticas exibem composição sub-alcalina, são calci-alcalinas, metaluminosas a ligeiramente peraluminosas e apresentam-se relativamente enriquecidas em Si02, K20, FeO(t), Ti02, P205, Ba e Y e empobrecidos em MgO. Em conjunto, mostram maiores analogias com os granitos Cordilheranos (tipo I - Chappell e White, 1974) ou da série a Magnetita (Ishihara, 1981), embora os termos de sienogranitos hololeucocráticos diferem um pouco dos demais. Segundo a classificação de Pearce et alii (1984) , enquadram-se como granitos intraplaca, desenvolvidos em crosta continental atenuada. O comportamento dos elementos traços não caracterizam as diversas fácies como granitos especializados metalogeneticamente, porém algumas amostras de microsienogranitos podem ser vistas como tal. Dados geocronológicos, Rb/Sr em R.T., obtidos para as diferentes fácies presentes no maciço Musa, embora não inteiramente conclusivos, parecem coerentes com a ordem de colocação observada. Por outro lado, a idade fornecida, tomando-se o conjunto de amostras das várias fácies, é de 1692 ± 11 Ma e R.I. 0,78777 : 0,00023. Esta idade evidencia o não relacionamento deste maciço com o evento Uatumã, aproximando-o mais da intrusão do maciço Jamon (1601 ± 21 Ma). O quimismo das rochas hipoabissais não confirma o relacionamento das mesmas com as vulcânicas do grupo Uatumã. O "trend de afinidades toleíticas" em diagrama AFM, apresentado pelo conjunto das amostras do maciço difere daquele "calci-alcalino" das vulcânicas Uatumã. A proximidade espacial e temporal entre os maciços Musa e Jamon e a presença nos mesmos de fácies monzograníticas muito similares, conduz a interpretação dos mesmos terem se originado e evoluiram através de processos análogos. Isto permite a definição do Magmatismo Ácido e Intermediário de Rio Maria do Proterozóico Médio (1700-1600 Ma), incluindo os dois maciços, rochas hipoabissais intermediárias e ácidas e, granito Marajoara. O conjunto de dados confirmam a cogeniticidade das várias fácies ocorrentes no maciço, porém revelam possíveis variações nas rochas fontes.É visualizada a existência de um percursor mantélico, talvez, de afinidade toleítica, que teria promovido a fusão parcial de rochas ígneas da base da crosta, às quais se misturaria. A ampliação dos processos de fusão parcial propiciaram a inclusão nos mesmos das rochas mais superficiais, relacionadas as seqüências vulcanossedimentares. Este modelo, coerente com as idéias de Hildreth (1981), revela a existência de, no mínimo, dois líquidos magmáticos (monzogranítico e sienogranítico) ligeiramente diferentes, formados à diferentes profundidades da crosta e os quais teriam evoluido de modo, independente, mas através de processos de cristalização fracionada prolongada. A respeito do ambiente tectônico à época de geração do maciço Musa, os dados deixam dúvidas, quanto o mesmo ser um granito intraplaca, anorogênico ou estar relacionado a uma margem continental proterozóica.