Quando os paus de fruta da mata viram plantas: o amálgama entre a agricultura e floresta na Resex Arióca Pruanã, Oeiras do Pará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: SILVA JUNIOR, Amintas Lopes da lattes
Orientador(a): SABLAYROLLES, Maria das Graças Pires lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas
Departamento: Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/13266
Resumo: O presente estudo consiste em uma investigação, empreendida a partir de uma abordagem qualitativa, acerca do uso alimentar de espécies vegetais silvestres pelos moradores da vila de Melancial, uma das maiores aglomerações humanas da Reserva Extrativista Arióca Pruanã, no Estado do Pará. As espécies vegetais silvestres alimentícias levantadas são todas produtoras de frutos comestíveis. Foram registradas as práticas de manejo, coleta, preparo e consumo destas espécies, assim como o papel dos membros da família em cada uma das etapas mencionadas. Foram empreendidos esforços no sentido de compreender os fatores que levam as pessoas a coletar e consumir estas espécies e de registrar o conhecimento que as pessoas detêm sobre elas. Além disso, buscou-se verificar se estas espécies se encontram de alguma forma ameaçadas. Constatou-se que as estratégias de obtenção de alimentos são diversificadas em Melancial e se coadunam em um calendário complexo que inclui atividades como agricultura, pesca, criação de animais, caça, coleta de frutas silvestres e compra de rancho. Entretanto, se estas atividades têm em comum assegurar o acesso à alimentação, também se encontram imbricadas nas práticas cotidianas, que, em seu conjunto, resultam no manejo da paisagem. O repertório de conhecimentos necessários à manutenção dos modos de vida dos moradores de Melancial extrapola aquele estritamente relacionado às espécies da flora e da fauna. Este arcabouço inclui ainda a capacidade de analisar fenômenos climáticos, pedológicos, topográficos e hidrográficos, em um contexto marcado por distintas práticas e eventos sociais, além de formas de apropriação dos recursos. Fatores como o apreço pelas frutas e a manutenção de vínculos de pertencimento e identidade condicionam tanto quanto fatores fisiológicos e econômicos a opção pelas frutas silvestres na dieta das famílias. A divisão sexual do trabalho se evidencia sutilmente nas etapas de manejo, coleta, preparo e consumo das frutas silvestres. À exceção da exploração madeireira, não pairam ameaças sobre as espécies vegetais silvestres de uso alimentício. O domínio sobre o território parece estar se circunscrevendo cada vez mais aos limites da área comunitária. Os terreiros e sítios se destacam enquanto interface entre agricultura e extrativismo. A agricultura depende da floresta e a reconfigura em capoeiras e sítios, assim como a floresta se insinua nos terreiros à medida que espécies vegetais silvestres são aí introduzidas por mãos humanas. O resultado deste manejo é o agroflorestamento da paisagem, face visível do amálgama entre agricultura e floresta.