Viajar e existir em Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: CARVALHO, Taís Salbé lattes
Outros Autores: http://orcid.org/0000-0001-8747-5129
Orientador(a): FERRAZ, Antônio Máximo von Sohsten Gomes lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Instituto de Letras e Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/15257
Resumo: Viajar e existir são questões originárias que nos lançam em pro-cura de nós mesmo, e se manifestam enquanto demanda pela palavra em busca de nos conhecermos enquanto entre-acontecer. Estas questões se dão em diálogo com uma das obras mais originais e originárias de João Guimarães Rosa, Primeiras Estórias, em que manifesta as questões primeiras nas quais o ser humano habita, e que vigoram enquanto linguagem por meio de enredos-questão, personagens-questão, imagens-questão que conduzem o leitor a se perguntar sobre o sentido do ser e da vida, em travessia, enquanto aprendizagem poética, rumo a desvendar a questão-mistério do livro: “Você chegou a existir? Este estudo nasceu com o objetivo de pesquisar como são manifestadas as questões do viajar e do existir em Primeiras Estórias, tendo como hipótese que, pelo diálogo com a obra literária, em que se percebe uma narrativa que projeta o leitor na e pela pro-cura do seu ser, somos lançados em travessia por buscar um educar poético que nos conduza à clareira do questionar, na qual habita o mistério entre o todo saber e o não saber, em busca do que nos é próprio — nossa humanidade, e, por isso, chegamos a existir? O método — méta (entre) hodós (caminho) — a ser percorrido enquanto escolha dos caminhos teóricos a serem tomados vai se desvelando pelo caminhar. Uma possibilidade de percurso para o acontecer dessa aprendizagem foi o educar poético que lança mão da circularidade hermenêutica enquanto processo de leitura–escuta da obra literária em que, ao dialogar com a obra e questioná-la, o leitor passa a ser por ela questionado, tentando cumprir seu destino: tornar-se humano em travessia: existir. Esta viagem-pesquisa se justifica, tendo em vista que em todo pro-curar vigora o diálogo entre a tensão — dobra entre ser e não-ser — e a tessitura — vigorar de um modo próprio no qual as questões desvelam-se no ser que se destina em cada humano — de um diálogo original que a obra de Guimarães Rosa estabelece com as raízes do pensamento ocidental, em que, em suas narrativas, a viagem-leitura se manifesta no existir, e vice-e-versa, enquanto um processo ontológico pelo qual cada ser humano é levado para além dos limites, habitando a dialética entre ser-e-pensar. No “Porto de chegada”, acolho a viagem e me acolho enquanto experiência poética de atravessamento, percebendo que é pela leitura amorosa de Primeiras Estórias que evidenciamos o trajeto ascensional do humano como projeto poético-existencial desta grandiosa obra de Guimarães Rosa: nossa aprendizagem poética que nos conduz ao existir.