Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
LINS, Alexandre Sócrates Araujo de Almeida
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Orientador(a): |
CASTRO, Fábio Fonseca de
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Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Pará
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido
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Departamento: |
Núcleo de Altos Estudos Amazônicos
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11050
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Resumo: |
Este estudo tem como objetivo discutir a longa duração da informalidade na economia amazônica a partir de uma perspectiva cultural. As altas taxas deste fenômeno no Pará (acima da média nacional) apontam que ele não pode ser estudado a luz de uma concepção que resume a economia ao mercado. Nesse sentido, produziu-se uma pesquisa qualitativa, com orientação nas ciências humanas e sociais para demonstrar como algumas disposições culturais persistem ao longo do tempo, ao mesmo tempo em que também negociam com dinâmicas do capitalismo contemporâneo. Assim, esta tese escolheu estudar os camelôs do centro comercial de Belém. A hipótese é que esses trabalhadores urbanos compartilham um mesmo habitus daquilo que Costa (1994, 2009a, 2009b, 2009c, 2012a, 2012b) chamou de camponês-caboclo, e que isto pode ser a chave para entender suas disposições profissionais, especialmente as temporais. Tratou-se, assim, de demonstrar que o trabalho do camelô reencena, no ambiente urbano, aquilo que Bourdieu (2009) chama de habitus, enquanto sistema de disposições duráveis e incorporadas de forma pré-reflexiva. Para este trabalho, o aspecto mais importante do habitus camponês-caboclo compartilhado pelos trabalhadores de rua da atualidade, é uma espécie de espírito de autonomia, que desafia, há séculos, as classes dominantes. Esses trabalhadores de origem rural usaram, historicamente, sua força de trabalho para benefício próprio, usufruindo assim de recursos excedentes que não puderam ser apropriados, ao menos de forma significativa, por uma elite ou pelo Estado. Foram as condições desafiadoras da floresta amazônica que gestaram e mantiveram, por tanto tempo, esse habitus, que mesmo em posição de subalternidade, pôde se impor no mundo do trabalho, ainda que em posição dominada, através de um saber, que coincide com o domínio do meio ambiente. Para tentar entender em que medida esses sedimentos do camponês-caboclo estão ou não no camelô, essa pesquisa realizou 10 entrevistas no centro comercial de Belém. Ali abordou-se o trabalho camelô como um fenômeno social total, aos moldes de Mauss (2003). Contatou-se que os camelôs encarnam práticas contraditórias. São revolucionários quanto às formas de uso do espaço público, e no desejo de “controle” do tempo e do excedente que criam com o próprio trabalho, mas conservadores nos costumes. Prevalece entre eles a lógica de reprodução da família, sem que com isso deixem de possuir uma racionalidade econômica que estabelece cálculo entre tempo gasto e recursos auferidos |