Processos de formação de sinais: um estudo sobre derivação e incorporação nominal na Língua Brasileira de Sinais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: ABREU, Walber Gonçalves de lattes
Orientador(a): FERREIRA, Marília de Nazaré de Oliveira lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Instituto de Letras e Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/12293
Resumo: Os estudos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais (Libras) começaram a se desenvolver a partir das pesquisas pioneiras de Ferreira-Brito (1995), mas, ainda hoje, apesar do desenvolvimento social e de uma popularização da Libras, percebemos uma escassez de pesquisas descritivas dessa língua. Nesse sentido, a presente dissertação tem o objetivo de descrever aspectos morfológicos de formação de sinais a partir dos processos de derivação e de incorporação nominal (IN) na Libras. Nas línguas sinalizadas, a derivação tem sido atestada por diversos pesquisadores. Nessas línguas, ocorre a alteração da raiz pela adição de, pelo menos, um parâmetro ao sinal primitivo (QUADROS; KARNOPP, 2004; JOHNSTON, 2006; FELIPE, 2006; XAVIER; NEVES, 2016; PFAU, 2016). Esse parâmetro pode ser entendido como um morfema gramatical (livre ou preso) que é adicionado de forma simultânea ou sequencial à raiz. A IN é entendida como a associação do verbo e de seu argumento dentro da estrutura sintática (MITHUN, 1984; ROSEN, 1989; MEIR, 1999; FERREIRA, 2013). O resultado de ambos os processos é a criação de um novo sinal. Nesse viés, para a realização da pesquisa, elencamos três formas de coleta de dados. Para o processo de derivação, coletamos os sinais do material da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias da videoprova em Libras do ENEM 2017, o que perfaz um total de 45 vídeos. Esses sinais foram descritos e distribuídos em tabelas descritivas por tipo de derivação. Quanto ao processo de IN, coletamos sinais do Dicionário da Língua de Sinais do Brasil (CAPOVILLA et al., 2017) e de vídeos de sinalização de pessoa surdas, esses coletados de forma elicitada. Por fim, todos os sinais foram analisados qualitativamente. Os resultados demonstram dois casos de derivação na Libras: (i) derivação infixal, marcada pelo parâmetro movimento (MOV) (derivação direcional do MOV, derivação da dinâmica do MOV e reduplicação do MOV) e pela produtividade do morfema-base TEXTO e (ii) derivação sufixal, estabelecida por meio dos marcadores de negação – PRONAÇÃO-DO-ANTEBRAÇO, além de dois marcadores afixais possivelmente em processo de gramaticalização, marcador - ZERO e marcador agentivo. Na IN descrevemos dois grupos de verbos que incorporam seus argumentos, são eles: verbos manuais e verbos simples. Concluímos que ambos os grupos de verbos apresentam as IN composta e classificatória. Constatamos nos verbos manuais, casos de dupla incorporação, no qual tanto objeto quanto adjunto foram incorporados pelo verbo. Finalmente, concluímos que: (i) os processos de derivação e de IN são produtivos na Libras; (ii) os infixos são mais recorrentes na formação de novos itens lexicais da Libras e (iii) os verbos da Libras apresentam uma tendência em incorporar argumentos que ocupam a função de adjunto da sentença, ou seja, instrumentos de uso habitual.