Mineralização aurífera de Montes Áureos (Maranhão): rochas hospedeiras, controles deposicionais e fluidos mineralizantes.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: YAMAGUTI, Humberto Sabro lattes
Orientador(a): VILLAS, Raimundo Netuno Nobre lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11773
Resumo: O depósito de Montes Áureos localiza-se na Zona de Cisalhamento Tentugal (ZCT), de natureza compressiva/transpressiva, onde se encontram os conjuntos rochosos mais deformados do Cinturão Gurupi. A ZCT, com aproximadamente 15km de largura por 100km de extensão, e direção geral NW-SE, marca o limite sul-sudoeste do cráton São Luís (CSL) e é interpretado como uma possível sutura resultante do fechamento de um mar antigo entre o bloco Belém e aquele cráton. O depósito aurífero de Montes Áureos é hospedado por rochas metavulcanossedimentares do Grupo Gurupi, de provável idade proterozóica, que foram metamorfisadas em condições das fácies xisto verde baixo (clorita + sericita), xisto verde médio a alto (clorita + biotita + muscovita + epidoto + actinolita + Mg-hornblenda + Fe-hornblenda) e anfibolito baixo (biotita + plagioclásio + edenita + pargasita + ferrotschermakita), bem como deformadas em regime rúptil-dúctil, de que resultaram diferentes formas e estilos de estruturas com variáveis graus de deformação. A mineralização ocorreu essencialmente em veios e/ou vênulas de quartzo + carbonatos tardi-tectônicos de espessura milimétrica a centimétrica (< 2 cm), tendo formado corpos lenticulares e tabulares subparalelos à foliação milonítica com teores que não ultrapassam 2 ppm. O ouro encontra-se associado com arsenopirita, pirita e, secundariamente, com calcopirita, além de quartzo e carbonatos. A associação mineral hidrotermal composta de clorita, carbonatos e epidoto substitui parcialmente a associação metamórfica, principalmente os anfibólios, plagioclásio e biotita. As feições texturais e as relações entre as associações metamórfica e hidrotermal indicam que a mineralização ocorreu após o pico térmico máximo do metamorfismo, em pelo menos dois modos distintos e sucessivos : 1) ouro granular depositado junto com arsenopirita, pirita, calcopirita, quartzo e carbonatos, e 2) em microfraturas da arsenopirita. O ouro teria sido transportado na forma de complexo de enxofre do tipo Au(HS) em fluidos aquo-carbônicos de baixa salinidades (2 a 10% eq. em peso de NaCI) e temperaturas < 450ºC. A mineralização ocorreu a temperaturas entre 260 e 350ºC, sendo mais prevalentes aquelas em torno de 300ºC, que foram fornecidas pelo geotermômetro da clorita hidrotermal. As pressões correspondentes foram estimadas de 1,3 a 2,8kb, equivalentes a profundidades de 5-10 km. A deposição do ouro foi favorecida pela queda da temperatura, a qual provocou a desestabilização do complexo quando da reação dos fluidos com as rochas encaixantes. No sistema hidrotermal de Montes Áureos circularam fluidos carbônicos (CO; £ CHL), aquo-carbônicos (H,0-NaCI-CO; + CH, + Mg e/ou Fe) e aquosos (H,0-NaCl + Mg e/ou Fe). Os fluidos aquo-carbônicos foram interpretados como produtos de reações metamórficas de desidratação e descarbonização que devem ter ocorrido principalmente nas variedades ricas em material carbonoso do pacote vulcanossedimentar, a temperaturas acima de 500ºC. Esses fluidos, inicialmente homogêneos, foram aprisionados em cristais de quartzo, ao se tornarem imiscíveis, do que resultaram inclusões fluidas com diferentes razões H;0/CO», desde H,O quase pura até CO; virtualmente puro. Com a diminuição da temperatura e, em decorrência, menor produção de CO; pelas reações de descarbonização, além da precipitação dos carbonatos, os fluidos aquo- carbônicos foram sendo gradativamente empobrecidos em CO; e se tornando progressivamente mais aquosos e com salinidades mais baixas. Não se descarta, porém, a infiltração e mistura com fluidos mais superficiais, especialmente nos estágios finais da evolução do sistema. O contexto geotectônico regional, o controle da mineralização por estruturas típicas de zonas de cisalhamento, o tipo da alteração hidrotermal, a relação temporal entre o fluxo térmico máximo do metamorfismo e a alteração hidrotermal superimposta, a associação do minério e as características físico-químicas dos fluidos mineralizantes no depósito de Montes Áureos são dados que permitem classificá-lo como do tipo Jode, semelhante âqueles que ocorrem em terrenos tipo greenstone em margens de placas convergentes (depósitos auriferos orogênicos).