Estudo dos fluidos hidrotermais relacionados às "brechas" mineralizadas com sulfetos de ouro da área Bahia-Carajás

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1998
Autor(a) principal: ALMADA, Maria do Carmo Oliz lattes
Orientador(a): VILLAS, Raimundo Netuno Nobre lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/15247
Resumo: O depósito Bahia está hospedado no Grupo Igarapé Bahia, de idade arqueana, que ocorre na Província Mineral de Carajás (SE do Pará). Esse grupo é constituído por rochas metavulcânicas básicas, metapiroclásticas e metassedimentares clásticas, além de formações ferríferas bandadas e brechas, sendo cortado por diques de composição básica. Todo esse pacote rochoso apresenta-se intensamente alterado por hidrotermalismo que gerou associações minerais compatíveis com as fácies xisto verde. O depósito Bahia é constituído pelos corpos Acampamento Norte, Acampamento Sul, Furo Trinta e Alemão. Nos três primeiros a mineralização é disseminada e está hospedada sobretudo em brechas. O último, de descoberta mais recente, é formado por lentes de sulfeto maciço. O presente trabalho apoiou-se em testemunhos de sete furos de sondagens que foram executados no Corpo Acampamento Sul. As brechas ocorrem no contato, hoje verticalizado, entre as rochas metavulcânicas básicas e metassedimentares clásticas e apresentam, geralmente, contatos gradacionais com as rochas encaixantes. Os clastos são originários de rochas metavulcânicas de composição básica e de formações ferríferas bandadas, constituindo fragmentos angulosos a subangulosos com dimensões mais freqüentes entre 1 a 3 cm. A matriz consiste de clorita, siderita, calcopirita, quartzo, magnetita, turmalina e calcita, com predomínio, em geral, de um ou dois desses minerais. A razão matriz/clastos é variável e algumas brechas mostram leve foliação da matriz e orientação dos clastos. Às vezes, intercalados às brechas, ocorrem leitos maciços de magnetita e de sulfetos. A essas brechas é sugerida uma origem freática, cujos fragmentos foram retrabalhados e transportados para zonas mais profundas por correntes de detritos. Nas brechas, a mineralização também ocorre em veios e bolsões nos quais os sulfetos juntam-se ao quartzo e/ou siderita e é mais enriquecida em cobre e ouro do que nas rochas encaixantes. A calcopirita e a pirita são os principais sulfetos em todos os tipos litológicos, mas nos leitos maciços estratiformes de magnetita e sulfetos a bornita também está presente. A magnetita é um mineral abundante, ocorrendo nos fragmentos de formação ferrífera bandada, disseminada na matriz das brechas ou em leitos maciços. Cloritização, carbonatação, magnetização e sulfetação são os mais importantes tipos de alteração hidrotermal, registrando-se, de forma subordinada, também silicificação e turmalinização. A cloritização, afetou quase todas as rochas em maior ou menor grau, emprestando-lhes uma coloração esverdeada característica. A carbonatação, magnetização e sulfetação são representadas, respectivamente pela precipitação da siderita e calcita, da magnetita e da calcopirita, pirita e bornita. Estudos em cristais de quartzo revelaram inclusões aquosas bifásicas e trifásicas químicamente representadas pelo sistema H2O-NaCl-CaCl2, com salinidade variável (5,3 - 41,5 % em peso eq. Na Cl). Também foram constatadas inclusões com CO2 puro, algumas com traços de N2. As temperaturas de homogeneização foram mais freqüentes nos intervalos de 110-140ºC para inclusões bifásicas e 150-225ºC para inclusões trifásicas aquosas. Com a correção de pressão feita, as condições prevalecentes para a formação do depósito Bahia foram estimadas em 160-240ºC e 1-2 kbar. Os fluídos aquosos foram interpretados como água do mar modificada em decorrência de movimento cognitivo que a fez circular e lixiviar metais do pacote vulcanossedimentar para posterior deposição na forma de sulfetos. Já os fluidos carbônicos são de provável fonte mantélica e responsáveis pela precipitação da siderita. O geotermômetro da clorita mostrou-se inadequado para definir as paleotemperaturas, haja vista resultados bem dispares obtidos de acordo com a equação e correção para o Al (IV) utilizadas. As características geológicas do depósito Bahia favorecem interpretá-lo como um depósito vulcanogênico tipo Besshi, que pode ter incorporado, durante eventos posteriores, urânio e terras raras que nele ocorrem com teores anômalos.