Uma interpretação intencionalista da imagem: Percepção e comunicação visuais humanas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: MOREIRA, Sylvio Allan Rocha lattes
Orientador(a): SOUZA, Carlos Barbosa Alves de lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento
Departamento: Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/12348
Resumo: As linhas de investigação das interações visuais humanas têm proposto distintos modelos interpretativos e conceituais, dependentes dos referenciais teóricos e dos objetivos especí- ficos compatíveis com seus focos de interesse. Elas também têm abordado distintos aspectos da produção e recepção de imagens visuais, com destaque para os aspectos sociais envolvidos na determinação das relações dos indivíduos com as imagens visuais. Mas a interpretação de interações visuais humanas também depende das ''expectativas'' em relação aos objetivos da interação visual com o mundo. Alguns autores analisaram estas expectativas, destacando o conceito de “intencionalidade” para justificar uma propriedade referencial de certos estados mentais. No entanto, tais interpretações são, em sua maioria, voltadas para interações verbais humanas (p.ex., linguagem e comunicação verbais), ou interações não-imagéticas humanas (p.ex., crenças, desejos, ações intencionais, emoções etc.). Por outro lado, os estudos das interações visuais humanas utilizam o conceito de intencionalidade de modo superficial, sem um tratamento conceitual preciso. O presente trabalho propôs avaliar a relevância do conceito de intencionalidade para a interpretação de interações visuais humanas, especificamente, percepção e comunicação visuais humanas. Nossa investigação consistiu em: (i) revisão e apresentação de um tratamento alternativo do conceito de intencionalidade; (ii) descrição de abordagens representativas da percepção e comunicação visuais humanas, identificando suas principais características e as principais críticas dirigidas a elas; (iii) análise do tratamento da significação visual por estas abordagens, a partir das categorias “internalismo e externalismo semânticos”; (iv) interpretação da percepção e comunicação visuais humanas, a partir do modelo conceitual desenvolvido em i. Segundo nossa interpretação, a intencionalidade pode ser definida como um modo de funcionamento semântico das interações humanas em geral, que se distingue dos seus modos de funcionamento sintático (relações estruturais e causais) e pragmático (relações funcionais). Neste sentido, consideramos que a inadequação das abordagens tradicionais do conceito de intencionalidade está em reduzi-lo a níveis sintático e pragmático de realização e descrição, ao invés de considerá-lo em termos de realização e descrição semânticas. Nossa interpretação intencionalista da percepção visual humana distingue-se das teorias tradicionais desta interação humana por rejeitar que a significação perceptual consiste em objetos perceptuais: (a) apreendidos por estados e processos cognitivos humanos (internalismo semântico) ou, (b) que se relacionam funcionalmente com respostas perceptuais (externalismo semântico). Alternativamente, sugerimos que a significação perceptual consiste em “perceber [como]”, ao invés de, “perceber [o que]”; prescindindo, assim, da admissão da existência de objetos perceptuais. No caso da comunicação visual humana, a questão da análise de seu funcionamento semântico parece ser prejudicada por tentativas de se admitir, (a) um significado intrínseco ou atribuído às formas materiais de representação visual humana (hipótese representacional), ou (b) uma intenção de produzir efeitos perlocucionários e ilocucionários em audiências, pela produção de formas materiais de representação visual (hipótese comunicacional). Alternativamente, sugerimos que a comunicação visual humana significa condições convencionalmente determinadas de representação visual, enquanto que a representação visual humana significa condições psicológicas (incluindo, condições perceptivas humanas) natural ou convencionalmente determinadas. Em resumo, as dificuldades de lidar com a significação perceptual e comunicacional residem em erros de categoria que as hipó- teses semanticamente internalistas e externalistas da percepção e comunicação visuais humanas cometem, ao reduzir o modo de funcionamento semântico (intencionalidade) destas interações humanas aos seus modos sintático ou pragmático de funcionamento. Uma interpretação intencionalista, tal como a que propomos aqui, tem o mérito de nos permitir rever, por um lado, como o conceito de intencionalidade pode ser relevante para abordarmos diversas categorias de interação humana, além daquelas tradicionalmente definidas como “mentais”; e por outro lado, como a questão da significação visual pode ser relevante para compreendermos outros níveis de funcionamento das interações visuais humanas, além daqueles tradicionalmente atribuídos aos sistemas sígnicos.