Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
ALMEIDA, Valéria Patrícia de Farias Cuellar
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Orientador(a): |
PESSOA, Fátima Cristina da Costa
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Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Pará
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Letras
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Departamento: |
Instituto de Letras e Comunicação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/15142
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Resumo: |
A Rede Municipal de Ensino de Belém – RMEB, desde 1997, adotou como modelo de escolaridade os chamados Ciclos de Formação, com a principal justificativa de que a referida adoção sanaria o ainda presente fracasso escolar, conforme constam nas Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental (DCEF) – Ciclos III e IV, documento constituidor das prescrições basilares dos Ciclos. Assim, passamos a observar uma prática muito recorrente por parte da Secretaria Municipal de Educação de Belém – SEMEC, em culpar – direta ou indiretamente – os(as) trabalhadores(as) da educação pela ocorrência desse fracasso escolar, compondo – dessa forma – nosso primeiro estranhamento. A segunda inquietação surgiu durante uma roda de conversa com colegas de profissão em torno da palavra “prescrições”. Após uma rápida pesquisa, percebemos a grande distância entre o trabalho prescrito e o trabalho realizado. O outro estranhamento equivale à percepção de que, quando a autora desta pesquisa ocupava o cargo de docente, o nível de resistência aos Ciclos era grande. Todavia, quando passou a ocupar o cargo de auxiliar de coordenação, após processo de readaptação funcional, essa resistência se tornou mínima. Dessa forma, propomos uma pesquisa articulada entre os estudos da linguagem e os estudos do trabalho cujo principal objetivo foi saber em que medida o dizer do(a) trabalhador(a) educacional sugere um movimento de participação ou resistência endereçados aos Ciclos de Formação, na RMEB. Para esse fim, sustentamo-nos nas noções discursivas de Dominique Maingueneau (2006, 2008a, 2008b, 2015), especialmente em relação: ao Interdiscurso constituído pelo atravessamento de outros discursos; à Cena Enunciativa cujo caráter reflexivo é representado pela tomada de palavra, pela prática discursiva dos sujeitos que inscrevem seus ditos na história, revelando o lugar de onde fala, social e ideologicamente construídos; e à Interincompreensão generalizada, marcada pelo falta de entendimento discursivo no dizer do outro, ou seja, comunidades que se ouvem, mas que não se compreendem. Noções que mantém entre si uma forte sintonia, ao constituírem uma verdadeira rede de sentido. O estudo do trabalho ancora-se em uma base ergológica focada – principalmente – nos postulados de Yves Schwartz (2004, 2010, 2016) acerca de suas teorias sobre atividade, normas antecedentes, debate de normas, trabalho prescrito e trabalho vivo. Fundamentos diretamente relacionados, já que atividade são ocorrências permanentes de debates de normas (DI FANTI; BARBOSA, 2016), também conhecida como renormalizações. O trabalho prescrito é representado pelas normas antecedentes, engessadas, as quais são sempre retrabalhadas, movimento que vai ao encontro novamente das renormalizações. O trabalho vivo, portanto, refere-se ao desdobramento do saber prescrito, relacionado diretamente com o que é, efetivamente, executado. A pesquisa classificada em exploratória e explicativa, conforme Gil (2012), compreendeu um caminho metodológico envolvendo a pesquisa documental das DCEF e a escuta dos(as) profissionais da educação (docentes, coordenadores(as) pedagógicos(as) e diretores(as)), direcionados por roteiro de entrevista, elencando os assuntos mais evidenciados em momentos de tensão, observados na rotina profissional. Nosso espaço de resultados foi constituído por meio do jogo de relações identificadas pela enunciação dos(as) participantes da pesquisa, a qual emoldurou um cenário de muitos desencontros, confrontos, assim como também entre a SEMEC e o espaço escolar, configurando saberes e práticas, distanciados, acerca do Sistema de Ciclos, marcados – fortemente – por uma forma desalinhada de compreender e de realizar os Ciclos. |