Partição da deformação no limite entre o terreno granito-greenstone de Rio Maria e o Cinturão Itacaiúnas, Carajás (PA)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: VIEGAS, Luís Gustavo Ferreira lattes
Orientador(a): PINHEIRO, Roberto Vizeu Lima lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11946
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo estudar a evolução tectônica de um segmento crustal arqueano pertencente ao Cráton Amazônico, o qual compreende dois terrenos arqueanos distintos: o Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria, a sul, e o Cinturão Itacaiúnas, a norte. Estes dois terrenos, embora com litologias similares e um curto intervalo de idades geocronológicas, possuem padrões estruturais significativamente diferentes. As rochas expostas no Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria compreendem principalmente a Suíte TTG (2.9 – 2.86 Ga), plútons alcalinos (2.86 Ga) e seqüências vulcano-sedimentares (2.9 Ga), as quais são mais antigas que as rochas encontradas no Cinturão Itacaiúnas. Um bandamento composicional pode ser visto nos tonalitos, trondhjemitos e granodioritos, além de uma foliação magmática de fluxo localmente observada nos monzogranitos e sienogranitos. Estas tramas orientam-se segundo a direção NW-SE a E-W com mergulhos rasos a médios para NE e SW. A trama linear associada com estas estruturas é vista localmente, com caimentos rasos para SE. A principal feição estrutural presente nas rochas do Cinturão Itacaiúnas é uma foliação milonítica grossa presente nos tonalitos, granodioritos e migmatitos associados ao Complexo Xingu (2.7 Ga) e nos sienogranitos e álcali-feldspato granitos da Suíte Plaquê (2.7 Ga). Esta foliação exibe mergulhos altos a subverticais para N e S, orientada segundo o trend E-W a NW-SE. A lineação de estiramento presente nos planos da foliação milonítica exibe caimentos rasos para NE, SE, NW e SW. Com base na análise de fácies de deformação, cinco domínios estruturais foram definidos. De norte a sul, os domínios de fácies exibem partição da deformação em componentes de compressão e cisalhamento, além de padrões de geração de tramas distintos. Os domínios de fácies V e IV, localizados na porção sul da área em estudo, são caracterizados por uma componente compressiva dominante de natureza frontal a oblíqua, associada a estruturas geradas por fluxo magmático a submagmático. A porção central da área é marcada pela fácies III, a qual representa união entre padrões estruturais e processos de geração de tramas diferentes. Este domínio de fácies exibe uma associação entre deslocamentos compressivos e transcorrentes, alem de tramas desenvolvidas tanto por fluxo magmático como por fluxo em estado sólido. A porção norte compreende as fácies II e I, as quais contem tramas derivadas de fluxo em estado sólido associadas com um alto grau de transposição planar. O padrão cinemático é dominantemente sinistral, com deslocamentos dextrais observados onde a componente compressiva da transpressão particionada é mais expressiva. As fácies I e II exibem cinemática sinistral, enquanto que as fácies III e IV mostram uma combinação de compressão com movimentação transcorrente. Indicadores cinemáticos sinistrais são vistos localmente na fácies V. A evolução geológica da área investigada se deu em dois estágios principais: i) um primeiro evento de colocação de granitos TTG em uma protocrosta arqueana localizada na região correspondente ao Terreno GranitoGreenstone de Rio Maria, e ii) um segundo evento marcado por nucleação de zonas de cisalhamento, geração de magmas e colocação de plútons em um contexto transpressivo particionado. A transpressão particionada foi responsável por nucleação de uma rede de zonas de cisalhamento regionais as quais particionaram a deformação ao longo da área. Nas fácies a norte da área, o padrão deformacional é caracterizado por transposição direcional das tramas planares formadas em condições de estado sólido. Ao sul, o fluxo magmático é dominante e a componente compressiva da transpressão é evidente. As zonas de cisalhamento regionais serviram de condutos para ascensão e colocação de magma (2.7 Ga) em níveis crustais superiores. Estes magmas foram derivados de fusão parcial dos granitos TTG e possuem caráter alcalino. O padrão estrutural observado na área entre o Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria e o Cinturão Itacaiúnas é interpretado com resultado de deformação progressiva por transpressão sinistral particionada. Este padrão estrutural compreendeu partição geométrica e cinemática em zonas transcorrentes e componentes compressivas, além de padrões de geração de tramas indo desde fluxo magmático até fluxo plástico. O Cinturão Itacaiúnas pode ser interpretado como um fragmento crustal associado com o Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria, cuja evolução é marcada por eventos progressivos de retrabalhamento tectônico e colocação de granitos.