Cartografia do Teatro : Contexto, políticas e poéticas do teatro de grupo em Macapá

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: MATOS, Bruno Sérvulo da Silva lattes
Outros Autores: https://orcid.org/0000-0003-4624-6009
Orientador(a): MARTINS, Benedita Afonso lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Artes
Departamento: Instituto de Ciências da Arte
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/15928
Resumo: Esta pesquisa derivou a construção de uma tese dividida em quatro partes ou quatro atos. A princípio, a feitura da composição do arquivo sobre grupos teatrais, induziu-me para o método cartográfico e, possivelmente, ao etnográfico. Para início dos estudos, foi necessário conhecer e escrever sobre o panorama do teatro amapaense, com a finalidade de lançar um olhar crítico e sócio-político-cultural sobre os cenários do teatro no Amapá. Observei que havia uma quantidade enorme de material sobre teatro em geral, mas sobre grupos teatrais do Amapá nenhuma ou poucas referências. Comecei por referências bibliográficas: Elderson, MELO. Teatro de Grupo: Trajetória e prática do teatro acriano 1970 a 2010. 2006. Samantha Agustin, COHEN. Teatro de grupo: Trajetória e relações. Impressões de uma visitante., 2010. Um autor específico é, constantemente, utilizado por quaisquer pesquisas, no que diz respeito às atividades teatrais amapaenses, o professor pesquisador, Romualdo Palhano, da Universidade Federal do Amapá. Esse autor serviu como suporte bibliográfico principal, para uma pesquisa que até então, estava no luscofusco, pois, apesar de saber que havia trabalhos teatrais no Estado do Amapá, eu os desconhecia. Assim, decidi mudar o foco principal do trabalho e me dedicar a um objeto: os grupos de teatro do Amapá. Ou seja, a pesquisa deixou de ser exclusivamente bibliográfica e passou a ser in loco. A cartografia é uma ciência que, tradicionalmente, refere-se à habilidade de elaborar mapas, cartas e outras formas de representar e descrever, detalhadamente, ou expressar objetos, fenômenos físicos e socioeconômicos. É, também, uma demarcação, ou territorialização; uma determinação de espaços com a finalidade de orientação e de conhecimento a respeito dessas mesmas porções espaciais. Amparado por essas características, deixei que a pesquisa seguisse seu processo, explorando cada parte que se sobressaía, seus desdobramentos, porém, com o cuidado de não perder de vista o objetivo principal: registrar, quantificar, qualificar, quando for preciso, sem esquecer seu caráter ibertário. Percebi que minha pesquisa também possuía um caráter etnográfico. Afinal, a etnografia é um método das ciências sociais, mas não apenas, principalmente da antropologia, em que o principal foco é um estudo das culturas e o comportamento de determinados grupos sociais. No primeiro ato, faço um breve panorama histórico das atividades de cunho teatral desenvolvidas no Estado do Amapá. Passeio pela cronologia mais ou menos fiel de imagens selecionadas que contam como o teatro, seja com o primeiro prédio ou nas primeiras atividades teatrais, vem sendo apreciada, vivenciada, constituída no Estado. No segundo ato, piso o terreno movediço, por assim dizer, das políticas públicas de incentivo às artes cênicas. De todos os atos, este é aquele ao qual dediquei cuidado especial, por tocar em questões conflituosas, por dialogar com temas caros às instituições públicas governamentais e não governamentais, e por descortinar situações visíveis, porém mudas, caladas por uma opressão conveniente. O terceiro ato é dedicado aos espaços teatrais ou aos lugares de teatro. A cidade de Macapá possui poucos espaços institucionais, constituídos como lugar de teatro, o que leva muitos grupos teatrais a buscarem alternativas para o desenvolvimento de suas atividades. Destaco, com essa evidência, que não apenas os lugares de teatro são necessariamente espaços teatrais. Surgem outros territórios, ditos aqui como alternativos. O quarto ato, eu considero a alma do projeto de pesquisa. É nele que dedico e concentro esforços para construir uma espécie de narrativa, que expresse todos os anseios, alegrias, lutas dos grupos teatrais para fazerem arte, para se fazerem existir, em um lugar em que a valorização artística é tão incipiente. A cada conversa, a cada descrição dos grupos e suas atividades, era o descortinar de um perfil apaixonante. Independentemente, das farsas e dos disfarces, dos dissonantes discursos, das máscaras e maquiagens, busquei descrever e reverberar vozes que gritam, choram, lamentam, suplicam para se fazerem ouvir, mas também riem e trazem e sentem felicidade.