O papel relativo da configuração da paisagem, fatores naturais e manejo da terra na estrutura e diversidade de florestas secundárias no leste da Amazônia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: LIZON ROMANO, Leon Pastor
Orientador(a): FERREIRA, Joice Nunes lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Museu Paraense Emílio Goeldi
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11031
Resumo: As florestas secundárias ocupam cerca de 23% das áreas desflorestadas da Amazônia brasileira. Embora tenham claras diferenças com florestas primárias, as florestas em sucessão têm inegável importância ecológica, social e econômica. A região oriental da Amazônia, especificamente a área conhecida como arco do desmatamento, apresenta uma paisagem fragmentada, caracterizada por diversos usos de solo e grande extensão de florestas secundárias. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o papel relativo de variáveis da paisagem, variáveis naturais e de uso e manejo do solo sobre a estrutura e diversidade florística de florestas secundárias no Sudeste do Pará. Foram estudados 20 fragmentos de florestas secundárias em um gradiente de 5 a 20 anos. Em cada fragmento, foram estabelecidos: i) transectos de 10 x 250m (0,25 ha) para estudo das plantas com Diâmetro a Altura do Peito ≥ 10cm, (DAP≥10cm) em plots de 10 x 10m (total 25) ii) 5 subplots de 5 x 20m aninhados dentro dos transectos de 0,25 ha para estudo de plantas com DAP < 10cm e ≥2cm. (DAP<10cm). Foram mensuradas variáveis estruturais (densidade de plantas, altura, área basal, número de fustes) e variáveis de diversidade de espécies (riqueza, diversidade de Shannon e diversidade de Simpson) considerando árvores, palmeiras e lianas. Foi avaliado um conjunto de variáveis da configuração da paisagem para cada fragmento (eg. tamanho, perímetro, distância e proporção de floresta primária e de floresta total em um raio de 500 m, 1 km e 3 km), além de variáveis naturais (altitude e declividade) e o uso histórico de cada transecto (índice de intensidade de uso do solo e número de ciclos agrícolas). O histórico de uso da terra foi avaliado por uma combinação de séries temporais de imagens de satélite e entrevistas com os proprietários rurais. As análises foram feitas com o pacote RandomForest, no ambiente do software R. Os parâmetros estruturais e de diversidade tiveram grande variação entre as 20 florestas secundárias estudadas. Variáveis como altura e área basal não cresceram consistentemente ao longo do gradiente de idade. A porcentagem de variação das variáveis resposta explicadas pelos modelos variou de 0 a 38,75%. Em geral, todas as categorias de variáveis (idade, paisagem, fatores naturais, manejo da terra) contribuíram para explicar a variação nos dados, mas as variáveis de paisagem foram as que contribuíram em maior proporção (20,44 a 66,92%). A idade não foi o fator preponderante para explicar os diversos parâmetros estruturais, exceto a densidade de cipós (54,17%) que reduziu em florestas a partir de 15 anos. Em contrapartida, a idade foi um dos principais fatores explicando a diversidade de espécies das plantas DAP≥10cm (índice de Simpson). Juntamente com a paisagem, a idade explicou o total de variação na diversidade de espécies (57,60% e 42,49, respectivamente). As variáveis de manejo agrícola foram importantes para explicar a área basal das plantas de indivíduos DAP≥10cm e DAP<10cm (25,22% e 36,19%, respectivamente). Todas as variáveis da paisagem investigadas contribuíram para explicar nos parâmetros estruturais e de diversidade, a maioria explicando acima de 50% da variação. A área, perímetro e a relação perímetro-área dos fragmentos explicaram melhor os parâmetros estruturais e a riqueza de espécies. Por outro lado, a diversidade de Simpson foi explicada principalmente pela cobertura e distância da floresta primária a 1 km, bem como pela distância das florestas (primária e secundária conjuntamente). As variáveis naturais (declividade e altitude), assim como o município, que apresenta grande diferença na precipitação total, foram mais importantes para explicar a variação na densidade e área basal das plantas DAP<10cm. Em suma, enquanto uma combinação do uso da terra prévio, paisagem e as variações ambientais naturais foram importantes para a regeneração da estrutura das florestas, a cobertura de florestas primárias e a distância de remanescentes florestais (primárias e secundárias) foram determinantes para a recuperação inicial na diversidade de espécies. Os padrões encontrados nesse estudo contribuem para o entendimento dos fatores determinantes do potencial de regeneração e para informar estratégias de restauração das florestas secundárias nesta região mais desmatada da Amazônia brasileira.