Resiliência em famílias de crianças com autismo: análise de fatores de risco, fatores de proteção e avaliação de uma intervenção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Timbó, Dulcinea Bandeira Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/590283
Resumo: A Tese investigou processos de resiliência em famílias de crianças com autismo, através do levantamento de fatores de risco e fatores de proteção, assim como da implementação e avaliação de uma intervenção com foco na resiliência familiar. Foram realizados dois estudos. O primeiro analisou a relação dos fatores de risco, fatores de proteção e resiliência familiar com a saúde mental de famílias de crianças com autismo. Participaram 88 pessoas (94,3% mulheres; M = 36,94 anos; DP = 7,44) que responderam a um formulário online com os instrumentos: Escala de Estresse Percebido, Escala Multidimensional de Suporte Social Percebido, Escala de Resiliência Familiar e Inventário de Saúde Mental. Estatísticas descritivas e inferenciais foram calculadas no SPSS (versão 26). Dentre os principais resultados citam-se: 1) índices elevados de estresse percebido, suporte social, saúde mental e resiliência familiar entre os participantes; 2) a resiliência familiar correlacionou-se negativamente ao estresse percebido e positivamente com todas as dimensões do suporte social (família, amigos e outros significativos), além da saúde mental; 3) diferenças quanto ao gênero, estado civil e renda emergiram quanto ao estresse percebido e à resiliência familiar. Mulheres e solteiros apresentaram maior nível de estresse percebido; e solteiros e pessoas de baixa renda apresentaram menores níveis de resiliência familiar; 4) estresse percebido, suporte social (amigos) e resiliência familiar apresentaram influência estatisticamente significativa sobre a saúde mental, explicando 53% da variância. O segundo estudo desenvolveu e avaliou uma intervenção, que tinha como objetivo promover resiliência em famílias de crianças autistas. Trata-se de uma intervenção grupal, estruturada com base nos processos-chave da resiliência familiar, a qual foi realizada de forma online, com duração de cinco encontros e 10h no total. Os 10 participantes (90% mães; 20-53 anos) responderam aos instrumentos - Escala Multidimensional de Suporte Social Percebido, Escala de Resiliência Familiar, Inventário de Saúde Mental, Escala de Reação à Intervenção e de Reação ao Desempenho do Instrutor – de forma online. Análises comparativas do pré e pósteste foram calculadas no SPSS e mostraram que os respondentes demonstraram maior satisfação com suporte dos amigos e maior saúde mental no pós-teste. Embora a resiliência familiar tenha apresentado valores superiores no pós-teste, esta diferença foi apenas marginalmente significativa. Os participantes tiveram opiniões favoráveis sobre a intervenção e quanto ao desempenho da instrutora. A possibilidade de ter mais contato com outras famílias, em situações semelhantes às suas, foi o aspecto positivo mais destacado, ao passo que foi sugerida a ampliação do número de encontros da intervenção. A análise de conteúdo das falas das mães/pais, permitiram identificar aspectos do sistema de crenças, dos processos organizacionais e comunicacionais que foram fortalecidos com a intervenção. Embora o preconceito da sociedade e a sobrecarga materna sejam aspectos adversos vividos pelas famílias, verifica-se que estas tendem a lançar mão de aspectos como espiritualidade, otimismo/positividade quanto ao futuro dos filhos, acesso à rede de apoio familiar (nuclear e extensa) e de amigos, assim como processos de organização (coesão familiar e flexibilidade) e comunicação familiar que têm favorecido seus processos de resiliência familiar. Em conjunto, os estudos da tese corroboram as adversidades vivenciadas pelas famílias de crianças com autismo, ao mesmo tempo que lançam luz ao seu potencial de resiliência familiar. As evidências positivas acerca da intervenção aqui proposta, por sua vez, sinalizam para a possibilidade da sua replicação futura, de forma que mais famílias possam ser acolhidas e fortalecidas. Palavras-chave: autismo, resiliência familiar, família, saúde mental, intervenção.