Entre artífice e operário: discursos sobre o trabalho do pescador artesanal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Lira, Francisca Fabiana Menezes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/90800
Resumo: As transformações do mundo laboral e da sociedade em geral, a partir de uma temporalidade marcada pelo crescimento desregrado da automatização industrial, resultaram em significativas mudanças no modo de vida do pescador artesanal. Apesar de promoverem algum progresso, também, desestruturaram o significado primário da pesca artesanal, produzindo graves consequências, como o sofrimento psíquico dessa população. A problemática evidenciada que impulsionou a realizar esta pesquisa envolveu a percepção de que o modo de vida do pescador artesanal contemporâneo pode hipervalorizar o trabalho como valor de troca e proliferar um modelo de vida onde não se privilegia a dimensão subjetiva do trabalho. O objetivo central foi investigar no discurso do pescador artesanal os significados atribuídos ao seu trabalho. Realizou-se na colônia de pescadores Z-7 das praias do Município de Caucaia/CE, Brasil. Elegeu-se uma metodologia de abordagem qualitativa que, de forma sistemática, sustentou o alcance do objetivo da pesquisa. A etnografia possibilitou o revelar do modo de vida do pescador artesanal da comunidade Z-7 especificamente em seu trabalho, através dos recursos da observação participante, entrevistas, diário de campo e, por fim, do relato etnográfico. Também, o DSC ? Discurso do Sujeito Coletivo arquitetou, na forma de um discurso único, uma representação social do grupo de pescadores sobre o seu trabalho. O DSC possibilitou a identificação de experiências de ócio no trabalho do pescador. Concluindo, identificou-se que, dentre os significados, há uma semelhança do trabalho do pescador com o do artífice e o do operário. Existe sofrimento, por ser uma atividade que não gera valor para o capital, e satisfação quando o trabalho envolve uma experiência. O trabalho do pescador artesanal inclui a perícia artesanal em dominar um saber fazer repassado de geração a geração, a fascinação em lidar com desafios harmônicos, enfim, a satisfação na atividade em si, que, em um sentimento de fluxo na experiência, pode provocar a sensação de um trabalho mais humanizado, menos alienante, possibilitando o recriar-se. Podem-se relacionar então esses aspectos com o significado da experiência de ócio que contém, em suas características próprias, o sentido de uma experiência humanizante. O que torna relevante este trabalho é talvez facilitar a percepção desse pescador quanto ao potencial do seu trabalho, como um ofício que possa também gerar satisfação, propiciando assim benefícios capazes de resultar em melhores condições de saúde e bem-estar. Palavras-chave: trabalho artesanal, contemporaneidade, sofrimento e ócio.