O trabalho das mulheres "sacoleiras": modos de trabalhar na informalidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Araújo, Noália Magna de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/105344
Resumo: Nos últimos anos, o mundo de trabalho e a dinâmica do processo produtivo vêm passando por transformações. Mais especificamente, a partir da década de 1970, os velhos modos de produção fordista/taylorista se reconfiguraram, assim, novos processos produtivos se evidenciam, dentre eles, a informalidade. O termo informalidade, desde a sua origem, foi utilizado para definir um conjunto amplo de atividades que envolvem trabalhadores em ocupações heterogêneas e precárias. Acerca da relação trabalho e gênero, a literatura mostra que, apesar das conquistas vigentes nas últimas décadas, o trabalho feminino ainda é perpassado por inúmeros impedimentos, com uma inserção significativa de mulheres em postos de trabalho desvalorizados e com menores rendimentos. Nesse contexto, destaca-se o trabalho das sacoleiras brasileiras, nordestinas, que trabalham por conta própria e viajam em busca de comprar produtos populares para revender. Desse modo, a presente pesquisa teve como objetivo geral conhecer o trabalho das mulheres sacoleiras. Como objetivos específicos, buscou caracterizar o trabalho dessas mulheres; analisar a trajetória profissional e os modos de inserção na atividade; retratar o cotidiano dessas mulheres através da fotografia, identificando as condições de trabalho e de vida para a realização dessa atividade. Para operacionalização desse estudo, foi desenvolvida uma pesquisa exploratória, descritiva, de natureza qualitativa, pautada pelo método etnográfico, da qual participaram seis sacoleiras de três estados nordestinos: Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí. A coleta de dados se deu através de entrevista individual semiestruturada; observação e diário de campo. Associado a isto, foi utilizado o recurso fotográfico que teve um papel fundamental no percurso metodológico no processo de imersão ao campo pesquisado, no qual foi possível vivenciar e fotografar diversas cenas que concretamente representam o cotidiano do laboral das sacoleiras. As imagens feitas foram associadas às entrevistas, com o intuito de intensificar algumas visibilidades do trabalho dessas mulheres. Os resultados apontam para uma atividade eminentemente feminina e informal, com condições de trabalho marcadas por uma forte precariedade, insegurança, com uma rotina intensa carregada de riscos financeiros e a própria vida. Todas as participantes conciliam essa atividade com as tarefas do espaço no qual se passa a vida familiar, o que caracteriza a forte segmentação de gênero que perpassa a relação trabalho das sacoleiras, sendo atribuído a este um fator fundamental: a flexibilidade de horário para reordenar a vida pessoal e profissional. Diante do exposto, considera-se que a experiência etnográfica possibilitou conhecer os aspectos do cotidiano de trabalho das mulheres sacoleiras. São mulheres implicadas nessa atividade laboral pelo sentimento de uma independência financeira e também de amenizar as condições de pobreza vividas por elas. Com isso, o trabalho assume uma centralidade na vida dessas mulheres para obtenção de renda, sobretudo, há uma grande demanda de esforço físico e psicológico diante dos desafios e situações adversas enfrentadas, o que acaba contribuindo de forma sutil para a reprodução das relações capitalistas. Palavras-chave: Trabalho informal. Sacoleira. Gênero. Etnografia. Fotografia.