Santas jejuadoras, histéricas e anoréxicas: figuras de recusa alimentar - uma história das práticas de subjetividade produzidas pelo cristianismo e campos médicos: moderno e contemporâneo, a partir

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Banhos, Ticiana Chaves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/103091
Resumo: Este estudo, ao se basear na perspectiva foucaultiana da ética, parte das diferenças entre os atos de recusa alimentar de três figuras situadas em momentos distintos da história da cultura ocidental - Idade Média, Modernidade e Contemporaneidade - quais sejam: santas, histéricas e anoréxicas. Sob a visão dessa perspectiva, a recusa alimentar dessas três figuras é abordada como ação moral, que só adquire sentido no interior dos campos éticos cristão, moderno e contemporâneo, os quais se diferenciam, na medida em que neles operam saberes, práticas regulatórias e, também, formas de relação a si. Desse modo, busca-se, por meio de tal abordagem, explorar as especificidades das figuras da recusa alimentar como práticas de subjetivação. Eis que este trabalho estudou a recusa alimentar das santas, histéricas e anoréxicas, explorando a dimensão moral, que diz respeito ao modo pelo qual o sujeito se implica na prática alimentar, de tal maneira que a conduta moral não só diz respeito às regras, mas ela implica certa relação a si, que não é somente consciência de si, mas constituição de si como sujeito moral. A forma de relação a si é, portanto, um dispositivo pelo qual os valores se inscrevem na conduta dos indivíduos. Ela pode ser conhecida com amparo nos aspectos subjetivos, definidos em um campo de valores, como a substância ética, o modo de sujeição, as técnicas de si e a teleologia. Foram, pois, investigados, inicialmente, os campos éticos de onde emergem as figuras da recusa alimentar por intermédio da análise dos discursos dominantes de cada época: o domínio religioso-cristão e as searas médicas, moderna e contemporânea, procurando explicitar os parâmetros por via dos quais os sujeitos são tomados como objetos dos saberes-poderes, religioso e médico, para em seguida, examinar a forma pela qual o indivíduo se torna sujeito de suas ações em referência aos dispositivos sociais. Tal estudo engendrou, assim, uma perspectiva de análise sobre a experiência humana que ultrapassa as suas objetivações médico-científicas. Enquanto o rigoroso regime alimentar das santas medievais, como Catarina de Siena e Clara de Assis, pode ser entendido como prática ascética e de espiritualização, na medida em que elas se constituem como sujeitos éticos cristãos, resultando em renúncia da carne, remissão dos pecados, mortificação dos vícios, eliminação dos maus pensamentos, fortalecimento espiritual, pureza da alma, salvação do espírito, perfeição de si e imortalidade; as histéricas constituem?se, eticamente, na Modernidade, como sujeitos de uma sexualidade, exibindo a repulsa alimentar como sintoma de um mundo subjetivo dividido entre pulsões, desejos e interdições. Já a anoréxica é a personagem do drama da recusa alimentar, respeitante ao sistema de valores normativos contemporâneo, que se constitui como o avesso da norma da saúde, quer dizer, ela é aquela que não sabe controlar os seus atos, tampouco regular suas ações, como o ato de comer, o apetite e a saciedade, muito menos logra usar o corpo, de modo a se alinhar com as exigências de cuidados com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida. Palavras-chave: Santas, histéricas e anoréxicas: figuras da recusa alimentar. Práticas de Subjetividade. Foucault. Saber-Poder.