Bem-estar subjetivo de crianças e adolescentes em situação de rua: um estudo longitudinal e multimétodos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Lima, Rebeca Fernandes Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/118075
Resumo: Esta tese objetivou caracterizar, longitudinalmente, o bem-estar subjetivo (BES) de crianças e adolescentes em situação de rua, verificando fatores associados a ele ao longo do tempo. Para atingir o objetivo proposto, foram realizados cinco estudos, sendo um teórico e quatro empíricos. O primeiro artigo apresentou conceitualmente e metodologicamente o construto BES a partir da literatura existente sobre a população de crianças e adolescentes. O segundo artigo identificou perfis de BES e suas diferenças quanto aos eventos estressores e problemas de comportamento. O terceiro artigo verificou o efeito moderador do BES na relação entre eventos estressores e problemas de comportamento. O quarto artigo analisou os padrões de mudança do BES e físico e sua relação com aspectos pessoais e contextuais. Por fim, o último artigo descreveu qualitativamente trajetórias de vida de crianças e adolescentes em situação de rua com diferentes perfis de BES. A revisão integrativa foi composta de 43 estudos examinados em análise quantitativa e qualitativa. A amostra total dos quatro artigos empíricos constituiu-se de 113 crianças e adolescentes em situação de rua, com idades que variaram entre 09 e 18 anos (M = 14,18 anos; DP = 2,4), a maioria (80,5%) era do sexo masculino e se declararam pardos ou negros (91%). Os participantes foram recrutados em instituições de acolhimento (80%), instituições abertas que prestam serviços para jovens de rua (17%) e na rua (3%). 45 jovens eram de Fortaleza (39,8%), 40 de Salvador (35,4%) e 28 de Porto Alegre (24,8%). 81 (71,7%) jovens foram entrevistados em T2 e 70 (62%) em T3. Os instrumentos utilizados foram: Entrevista de Experiência de Vida, Checklist de Eventos Estressores, Escalas de Afeto Positivo e Negativo, Escala de Satisfação de Vida e questões sobre sintomas físicos, uso de drogas, suicídio e comportamento sexual de risco. Foram conduzidas análises de cluster e de comparação (artigo 2); análises de correlação e de regressão múltipla (artigo 3); análise hierárquica linear (artigo 4) e análise de conteúdo (artigo 5). Destacam-se como principais achados dos estudos empíricos: 1) a identificação de três perfis de bem-estar subjetivo: BES Médio - médio nível de satisfação de vida, afetos positivo e negativo (n = 56); BES Positivo - alta satisfação de vida e afeto positivo e baixo afeto negativo (n = 21); e BES Negativo - baixa satisfação de vida, afetos positivo e negativo (n = 27); 2) O BES foi promotor para menores escores de problemas de comportamento; 3) O BES é relativamente estável ao longo do tempo com mudanças sutis quanto aos afetos negativos, impacto dos eventos estressores e ao longo das idades; 4) As meninas iniciaram com alto índice de afetos negativos e problemas de comportamento; 5) Níveis mais positivos de bem-estar foram identificados em jovens que mantiveram relações familiares e desenvolveram relações significativas com amigos e profissionais das instituições, enquanto que entre aqueles com menores níveis de bem-estar predominaram as meninas que descreveram altos níveis de conflito e violência emocional, física e sexual. Os resultados desta tese contribuem para a compreensão do desenvolvimento de crianças e adolescentes em contextos atípicos, uma vez que - sem desconsiderar os riscos e problemas de comportamento -, evidencia o BES como potencial promotor de resultados comportamentais mais positivos. Destaca-se também a relevância de estudos de natureza longitudinal com essa população, inovação desta tese que permitiu uma descrição extensa e contextualizada das mudanças e continuidades do BES e do impacto da vida na rua na trajetória de crianças e adolescentes. Palavras-chave: bem-estar subjetivo, Psicologia Positiva, adolescentes, situação de rua, longitudinal.