Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Alves, Natalia Fernandes Teixeira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/123984
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Resumo: |
O assédio de rua acontece em espaços públicos, como, nas ruas, nas lojas, nos transportes públicos, nos parques e nas praias. Difere de questões como, o assédio sexual na escola e no local de trabalho, paquera e violência doméstica, porque acontece entre estranhos em um lugar público, o que atualmente significa que há menos recursos legais para combatê-lo. O assédio de rua configura-se enquanto um contato unilateral de um homem estranho para como uma mulher, em que as mulheres não participam dessa interação, pelo contrário, elas se sentem invadidas por palavras, sons, gestos ou olhares que insistem uma aproximação. Diante disso, a presente dissertação teve como objetivo analisar a experiência e percepção do assédio de rua entre homens e mulheres. De modo mais específico, esse trabalho pretendeu conhecer experiências de assédio de rua vivenciadas por homens e mulheres, analisar os impactos negativos das experiências de assédio de rua, bem como compreender o que fazem para evitar tal fenômeno; analisar se os participantes percebem o assédio como um comportamento sexista e como o justificam; investigar se a percepção do assédio de rua varia de acordo com o cenário (rua e festa) em que ele ocorre; além de investigar se a percepção do assédio de rua varia entre homens e mulheres, e se a percepção do assédio de rua é influenciada pelo nível de sexismo hostil e benevolente que os participantes aderem. Para tanto, realizou-se uma pesquisa online, em que contou-se com a participação de 323 pessoas da população geral, de diferentes regiões do país, dos quais a maioria era do sexo feminino (73,5%), de orientação heterossexual (83,6%), de classe social média (41%), de etnia branca (41,4%), escolaridade Superior Completo (49,1%), residente na cidade de Fortaleza (55,9%), com idades variando entre 16 e 65 anos (M = 27,5; DP = 8,10). Utilizou-se o software SPSS para análise dos dados quantitativos e o IRAMUTEQ para os dados qualitativos. Sendo assim, primeiramente, os resultados mostram que embora os homens relatem sofrer assédio, esse é um fenômeno é de fato mais vivenciado pelas mulheres. Isso porque elas sofrem diariamente e com maior frequência em todos os lugares em comparação aos homens. Isso fica ainda mais concreto quando analisa-se as experiências (relatos) de assédio de rua dos participantes, em que foram analisados por meio de uma análise de Classificação Hierárquica Descendente (CHD), no IRAMUTEQ. O conteúdo analisado foi categorizado em 5 classes. Classe 1: Condutas e Falas Hostis de motoristas; Classe 2: Assédio de rua como violência explícita; Classe 3: Relatos específicos de assédio no ônibus; Classe 4: Naturalização do assédio; Classe 5: Comentários, assobios e buzinadas. Em síntese, as classes 1, 2 e 3 evidenciam a predominância de relatos de mulheres sobre o comportamento do assediador e sobre os locais que mais sofrem essas situações, já as classes 4 e 5 abordam o fenômeno desqualificando-o como algo natural ou uma mera cantada. Nessas classes aparecem os relatos dos homens em que se percebe claramente que o que eles dizem ser assédio, na realidade não é. Portanto, conclui-se que o assédio de rua é, de fato, uma forma de violência contra a mulher, pois gera consequências diretas na vida das mulheres, como o constrangimento e a vergonha que sentem ao ouvir certas coisas quando estão simplesmente andando pelas ruas, o medo que sentem e que faz com que evitem certas ruas, roupas e lugares, por receio de uma violência maior, como, o estupro. Além disso, os participantes ainda justificaram o por quê do homem agir de tal modo com Laura. Tais relatos de justificativa também foram analisados por meio de uma análise CHD. O conteúdo analisado foi categorizado em 5 classes. Classe 1: O desrespeito para uma reafirmação da masculinidade; Classe 2: Crítica à objetificação da mulher; Classe 3: Crítica à sociedade patriarcal; Classe 4: Culpabilização da vítima; Classe 5: Machismo. Em síntese, as classes 1, 2 e 3 evidenciam a percepção da mulher como objetificação sexual, bem como o desrespeito para com elas, tendo em vista uma sociedade com uma educação que reforça hierarquia de gênero, o que leva a uma legitimação da dominação masculina com apropriação sobre o corpo feminino; já a classe 4 culpabiliza tal situação ter ocorrido por culpa de Laura, mesmo que isso perpasse a mulher ser bonita e atraente. A classe 5 evidencia justificativas perpassada pelas normas culturais do machismo. Quanto a analisar se os participantes perceberam o assédio como um comportamento sexista, os resultados mostraram que as mulheres percebem mais que os homens [t (321) = 3,86 p < 0,01]. Quanto à variação da percepção do sexismo de acordo com o contexto que ocorre, seja assédio na festa, seja assédio na rua, os resultados mostram que não existe diferença significativa nessa percepção [t (321) = -1,04, p = 0,30]. No que tange aos fatores de sexismo hostil e sexismo benevolente, os resultados mostraram que há diferença significativa entre homens e mulheres no fator de sexismo hostil (t (321) = - 4,41 p < 0,01), em que os homens aderem mais esse sexismo que as mulheres. Ao passo que no sexismo benevolente não existe diferença significativa, de forma que homens e mulheres não diferiram em suas respostas (t (321) = -1,43 p = 0,15). Por fim, para examinar se o sexismo hostil e o sexismo benevolente predizem a percepção do sexismo, os resultados mostraram que o sexismo hostil (ß = - 0,55; p < 0,01), prediz significativamente a percepção do assédio como comportamento sexista, mas o sexismo benevolente (ß = 0,07; p = 0,22) não prediz [R² = 0,26; F (2, 320) = 57,169, p < 0,001]. Pode-se inferir que os participantes percebem o assédio como comportamento sexista, contudo as mulheres percebem mais tal fenômeno como um problema do que os homens, porque o vivenciam cotidianamente, além de que elas expressam mais emoções negativas que os homens apenas ao ler uma situação de assédio de rua. Palavras-chave: Assédio de Rua; Sexismo; Sexismo ambivalente; Atitudes sexistas |