"Vivendo sóbrio": um estudo psicanalítico sobre a produção discursiva do alcoólico anônimo como forma de vida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Costa, Raul Max Lucas da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/118080
Resumo: A emergência da Irmandade Alcoólicos Anônimos no século XX demarca o surgimento do grupo de ajuda mútua, vínculo social característico do contexto das adicções e da predominância do discurso do capitalista. Em psicanálise são raros os estudos sobre a Irmandade, sendo sua abordagem periférica na discussão sobre o laço social. A chamada ¿literatura de AA¿ recebeu uma atenção secundária ou complementar as pesquisas já realizadas no campo das ciências sociais que privilegia o método etnográfico. Nosso propósito é problematizar a proposta terapêutica dos AA para o alcoolismo registrada em sua literatura, considerando seu lugar central na produção subjetiva do alcoólico anônimo. A presente tese visa, portanto, analisar o processo de (re)construção subjetiva promovido pela irmandade Alcoólicos Anônimos (AA), tendo como referencial teórico a psicanálise freudolacaniana. A pesquisa revelou que o programa terapêutico espiritual dos AA se apropria de preceitos filosóficos pragmatistas, cristãos e psicológicos. Em termos históricos-genealógicos esta referência identitária teve como efeito maior a individualização e psicologização da categoria patológica alcoolismo. Ao estabelecerem a crença espiritual como condição para a prática dos doze passos, os AA recuperam a dimensão do Outro divino, mas sem sua consistência teológica. Em termos discursivos, a ênfase na técnica revela um agenciamento do saber pragmático na produção massiva do alcoólico anônimo. Conclui-se que para os AA a recuperação do alcoolismo equivale a uma construção identitária e narrativa do alcoólico anônimo, repercutindo em uma forma de vida adicta abstinente. Palavras-chave: Alcoolismo; Alcoólicos Anônimos; Psicanálise; Discurso; Subjetivação.