O desenvolvimento de competências gerenciais dos docentes de uma Instituição Federal de Ensino Superior à luz das teorias da prática

• Ano de defesa: 2019
• Autor(a) principal: Lima, Ioneiry Viana
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Administração - Ensino superior; Administração pública; Instituição educacional
• Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/121193

Tendo como referência as teorias da prática, propõe-se analisar como ocorre o processo de desenvolvimento das competências gerenciais dos docentes, sem formação na área de administração, na prática de gerir. A partir dos temas Strategy-As-Practice (SAP) e competências na prática foram definidas duas categorias para investigação: (1) trajetória Clegg et al. (2004); Whittington (2006); Rasche e Chia (2009); e (2) práticas cotidianas (performance situada) Gherardi e Strati (2017) e Certeau (2014). Definiu-se como campo empírico a administração pública, especificamente uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES), identificando as coordenadorias componentes das Pró-Reitorias, como unidades de análise organizacional em que ocorrem as práticas estratégicas. Assim, nove coordenadores vinculados a três Pró-Reitorias (gestão de pessoas; extensão; e relações internacionais) participaram da pesquisa. Adotou-se, metodologicamente, a pesquisa qualitativa básica, utilizando para coleta de dados a entrevista, a observação não participante e a pesquisa documental, e como referência para análise dos dados, utilizou-se a técnica de análise do conteúdo por categorias temáticas. Do campo empírico, emergiram como subcategorias os contextos físicos, político e administrativo (formalidades) onde ocorrem as práticas cotidianas. Analisando a trajetória, considerando os relatos (arte de dizer), encontrou-se a ¿administração professorial¿ também expressa no estudo de Meyer Jr. (2014, p. 18); constatou-se a associação dos docentes gestores com a figura do perito, da perspectiva de Certeau (2014), e observou-se que a IFES não tem critérios estabelecidos para selecionar os docentes que ocupam funções de direção. As práticas cotidianas relatadas (arte de dizer) e observadas in loco (arte de fazer), possibilitaram a identificação de doze táticas (B-A-BA; Adaptação; Gestão dia a dia; Bola da vez; Otimização das ações; Institucionalização; Resistência à legislação e à burocracia; Resistência à informalização da gestão; Articulação; Fortalecimento de equipes; Viabilização das ações; Enfrentamento) imersas na temporalidade (momento inicial e presente) e nas formalidades. O contexto administrativo concentrou seis táticas. No contexto político, a tática de articulação foi praticada por todos os gestores. Observou-se que os contextos administrativo e físico impõem ao gestor submissões característica de uma instituição pública, assim, sobressaíram-se as táticas que promovem resistência e enfrentamento. Mesmo com as submissões, o realizar (proatividade) foi uma característica ou habilidade encontrada nos gestores. A partir da investigação sobre as categorias (1) e (2) foi possível compreender o processo de desenvolvimento de competências dos gestores na prática, adotando uma perspectiva mais holística proposta por Certeau (2014). No que concerne a prática de gestão como atividade específica de administradores, como propõe o projeto de Lei nº 439/2015, esta tese defende, por seus achados, e resguardadas as exigências legais já existentes, que na prática a competência na gestão é desenvolvida e incorporada pelo praticante, seja ele de qualquer área de formação, portanto, não se corrobora com o referido projeto de lei. No âmbito gerencial, sugere-se desenvolver na IFES um programa que auxilie na gestão de carreira e desenvolvimento gerencial, com intuito de atender ao que propõe o Decreto nº 5.707/2006 e melhorar ainda mais a performance dos docentes gestores e o desempenho da IFES nos rankings públicos. Palavras-chave: Estratégia como Prática. Competências. Certeau.