O preceito do jejum numa instituição religiosa: implicações subjetivas a partir da ótica foucaultiana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Rocha, Saulo Cruz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/109387
Resumo: Este estudo se debruça sobre as implicações subjetivas do preceito religioso do jejum em sujeitos inseridos numa instituição religiosa, a partir da perspectiva teórica de Michel Foucault acerca do preceito e das práticas de penitência, especialmente desenvolvidos em A hermenêutica do sujeito e em História da sexualidade. Buscou-se investigar o processo de elaboração de sentidos atribuídos ao preceito religioso do jejum e identificar como as práticas ascéticas preceituais, vivenciadas na instituição, podem se articular como elementos geradores de subjetividade. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com jovens participantes da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza, Ceará, selecionados aleatoriamente e voluntariamente na instituição, cujos relatos foram lidos sob o referencial da análise do discurso. Dentre os aspectos abordados, destaca-se a aplicação institucional do modelo ¿ascético-monástico¿ pelo qual o jejum não é significado como uma mera restrição de ordem alimentar, mas se constitui como um dos elementos de uma série de práticas penitenciais visando o domínio sobre os impulsos carnais e a renúncia de si. O exercício desta ascética, que Foucault denomina como ¿práticas de si¿, institui uma formulação de verdade sobre os indivíduos, baseando-se sobre dois aspectos fundamentais da espiritualidade cristã: o princípio da contemplação, pelo qual a mística se impõe sobre todas as relações sociais, instaurando o sagrado sobre o pensar e o agir humano; e o princípio da obediência, pelo qual o sujeito se coloca numa condição permanente de dependência sob outrem e de sacrifício da própria vontade. Isto é possibilitado pelo suporte afetivo e social proporcionado pelo grupo e por técnicas de aprendizagem e controle desenvolvidas sob fortes estruturas hierárquicas, por uma complexa rede discursiva e por instrumentos de exame de consciência e de confissão sistematicamente adotados na instituição religiosa. Palavras-chave: jejum, religião, Foucault, preceito, subjetividade.