Oportunidades perdidas na atenção primária para seguimento de crianças notificadas com sífilis congênita

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Guanabara, Marilene Alves Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/125757
Resumo: A Sífilis Congênita representa um problema de saúde pública e continua a desafiar globalmente as organizações nacionais e internacionais responsáveis pelos sistemas de saúde. Para a efetiva prevenção da infecção, faz-se necessário uma atenção pré-natal de qualidade com garantia de testagem para sífilis de todas as gestantes durante a assistência pré-natal, na primeira consulta e no terceiro trimestre de gestação, bem como o tratamento oportuno para quebrar a cadeia de transmissão evitando um desfecho desfavorável. O seguimento das crianças com sífilis congênita deve ocorrer com todos os recém-nascidos, independentemente do histórico de tratamento da mãe e devem passar por um processo de avaliação rigorosa ainda na maternidade, para a identificação de sinais e sintomas. Este estudo teve por objetivo analisar as oportunidades perdidas na atenção primária para seguimento de crianças notificadas com sífilis congênita. Trata-se de um estudo descritivo, que analisou o seguimento de todas as crianças notificadas com Sífilis Congênita no ano de 2015 no município de Fortaleza, Ceará. A coleta dos dados ocorreu de março a agosto de 2020 em duas fases. Inicialmente foi realizado junto a Secretaria Municipal de Saúde o levantamento dos casos e, após essa identificação, procedeu-se a busca deles nos prontuários eletrônicos (Fastmedic®) das Unidades Básicas de Saúde do município. Identificou-se 368 crianças notificadas que não tinham registro de atendimento nos prontuários dos serviços especializados. No entanto, 273 (74,2%) delas compareceram às Unidades Básicas de Saúde. Setenta e cinco (20,8%) nasceram com peso igual ou inferior a 2.499 gramas. O APGAR do quinto minuto foi maior ou igual a sete em 344 (99,4%) casos e foram reanimadas ao nascer 30 (8,3 %) crianças. Em se tratando do esquema de tratamento do recém-nascido na maternidade, identificou-se que mais da metade (55,7%) foi tratado com esquema diferente do preconizado pelo Ministério da Saúde. Foram tratadas com alguns dos esquemas recomendados pelo Ministério da Saúde 160 (44,3 %), enquanto 195 (54,0%) receberam outra droga (ceftriaxona ou cefazolin). Realizaram VDRL ao nascer, 359 (99,4 %) recém-nascidos e, destes, 288 (80,2%) tiveram resultados reagentes. Ademais, 254 (70,4 %) realizaram o líquor cujo VDRL foi reagente para sete (1,9 %). Identificou-se que 266 (73,7%) compareceu Atenção Primaria a Saúde, dessas 62 (23,3%) apresentaram registro de sífilis nos prontuários eletrônicos e em 31 deles (50,0%) havia solicitação de VDRL. Para 18 (58,1%) o resultado foi não reagente e 13 (41,9%) não foi possível encontrar registro de resultados do exame no sistema. A partir dos resultados encontrados foi possível concluir que as crianças com Sífilis Congênita que não comparecem aos ambulatórios especializados frequentam a Atenção Primaria a Saúde e não foi realizado o manejo clínico e laboratorial do seguimento terapêutico de forma adequada de acordo com as diretrizes definidas pelo Ministério da Saúde. As crianças não realizaram os exames de rotina preconizados e, mesmo aquelas que compareceram às consultas de puericultura, não tiveram a oportunidade de realização do seguimento Sífilis Congênita, o que reforça a perda de oportunidade. A Sífilis Congênita continua sendo uma doença impactante que causa mortes fetais e neonatais, prematuridade, baixo peso ao nascer e sequelas graves e irreversíveis em algumas crianças. Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; Sífilis Congênita; Transmissão Vertical de Doença Infecciosa; Perda de Seguimento.