Tratamento anti-hipertensivo e aspectos associados à doença renal na linha de base da coorte ELSA-Brasil

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Néri, Ane Karoline Medina
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Hipertensão arterial; Doença renal crônica
• Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/129193

A Hipertensão Arterial (HA) tem alta prevalência e é importante fator de risco para Doença Renal (DR). O conhecimento sobre os aspectos sociodemográficos e clínico-laboratoriais associados a maior risco de desenvolvimento dessas condições e ao seu tratamento adequado é de extrema importância para reduzir a carga de morbimortalidade relacionada a elas. Objetivos: Investigar a HA, o uso de drogas anti-hipertensivas e os aspectos associados à doença renal, dentre os hipertensos e os portadores de DR da linha de base da coorte ELSA-Brasil. Métodos: Dados clínicos e laboratoriais da linha de base da coorte foram avaliados, incluindo medicações antihipertensivas usadas, padrão dietético (PD) e função renal (FR). Considerou-se DR: Taxa de Filtração Glomerular-TFG <60mL/min/1,73m2 (DR-TFG) ou Relação albumina/creatinina-RAC urinária¿30mg/g de Creatinina (DR-RAC), e, como HA, considerou-se: diagnóstico prévio, pressão arterial sistólica ¿140 e/ou diastólica ¿90mmHg ou uso de medicação anti-hipertensiva. Os participantes foram agrupados de acordo com o uso de inibidores do sistema reninaangiotensina-aldosterona-iSRAA (Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina-IECA ou Bloqueadores dos Receptores da Angiotensina-BRA). O PD foi classificado em ''tradicional'', ''frutas e legumes'', ''padaria'' e ''baixo teor de açúcar/baixo teor de gordura¿. Resultados: Foram incluídos 15.105 participantes na coorte. Observou-se que 32,3% dos hipertensos não recebiam tratamento. Entre os 67,7% tratados, 41,1% usavam iSRAA. O não-tratamento associou-se ao consumo de álcool entre as mulheres e à menor escolaridade entre os homens. Dentre os hipertensos em uso de iSRAA, destacou-se maior proporção de pessoas brancas, mais velhas e com mais comorbidades. Na população com DR, entre os com DR-TFG, sexo feminino associou-se com menor uso de iSRAA e tabagismo associou-se com não-tratamento. Dentre os homens, nível educacional médio, obesidade e TFG reduzida naqueles com DR-RAC, e, naqueles com ambas as formas de DR, síndrome metabólica (SM) e doenças cardiovasculares (DCV) associaram-se com maior uso de iSRAA. Nos homens com DR-TFG, níveis séricos de potássio mais altos se associaram ao não-tratamento. Nas mulheres com DR-RAC, renda familiar mais alta e tabagismo se associaram com menor uso, e níveis séricos de potássio mais altos e presença de diabetes e SM se associaram com maior uso de iSRAA. Análise de mediação realizada identificou associações indiretas entre os PD ''padaria'' e ''frutas e legumes'' à diminuição da TFG e microalbuminúria (MA) em ambos os sexos. Houve uma associação direta do PD ``padaria¿¿ com MA em homens. O PD ¿frutas e legumes¿ também mostrou associação direta com TFG reduzida em mulheres, embora sem significância após o ajuste. Conclusões: Entre os hipertensos, observamos elevado percentual de não-tratamento da HA e importantes diferenças de gênero relacionadas a esse aspecto. Sexo feminino associou-se com menor uso e presença de comorbidades associou-se com maior uso de iSRAA dentre aqueles com DR, população na qual também observamos importantes diferenças de gênero relacionadas ao padrão de tratamento. Os PD ``frutas e verduras¿¿ e ``padaria¿¿ foram associados à disfunção renal. A única associação direta e independente foi observada entre o PD ¿padaria¿ e MA em homens, mostrando uma associação preocupante entre PD e dano renal em homens. Palavras-chave: Hipertensão Arterial; Doença Renal Crônica; Tratamento Farmacológico; Sistema Renina-Angiotensina; Comportamento alimentar.