Mulheres indígenas do Baixo Rio Tapajós (Pará) em exercício de mediação social

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: ARANTES, Luana Lazzeri
Orientador(a): NEVES, Delma Pessanha
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Oeste do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento
Departamento: Instituto de Biodiversidade e Florestas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/377
Resumo: as trajetórias sociais de três mulheres indígenas da região do Baixo Rio Tapajós, Oeste do Estado do Pará, Amazônia. Dessa perspectiva, reflito sobre a construção de estratégias fundamentais aos exercícios de mediação por diferentes universos, associados à orientação de ações políticas em defesa de direitos indígenas. Negando qualquer reducionismo político que pressupõe indígenas em isolamento social e em imutáveis organização e práticas cotidianas, trago à reflexão modos de participação de grupo étnicos, em interação mediada ou apoiada em representação delegada. Utilizei procedimentos metodológicos pautados em entrevista qualitativa semiestruturada e observação direta, sem perder de vista o processual, dialógico e engajado exercício de pesquisa, para possibilitar a construção e análise das trajetórias sociais de Auricélia Arapiun, Fabiana Borari e Luana Kumaruara. Elas se constituíram enquanto pessoas no processo de transitar socialmente entre diversos lugares, desse modo reafirmando seus enraizamentos culturais e sua referencial ancestralidade. O deslocamento entre cidade e aldeia foi por elas experimentado desde a infância. O sentido produzido nesses deslocamentos reforçou o pertencimento delas aos respectivos grupos étnicos e a convergência de interesses comuns com demais indígenas. A análise do processo de constituição de autoridade por essas indígenas, investindo na formação enquanto lideranças, envolveu a reflexão sobre questões de organização social, vínculo com o território tradicional, construção do corpo e da pessoa, pajelança e comensalidade. A construção de legitimidade delas enquanto representantes de interesses coletivos perpassou também o acesso à educação formal, possibilitando a incorporação de conhecimentos e códigos de comportamentos produzidos externamente aos próprios universos de produção de significados. A partir de 2010, com a implementação de Processo Seletivo Especial Indígena na Universidade Federal do Oeste do Pará, foi inaugurada nova fase quanto ao modo de fazer política entre representantes do movimento indígena do Baixo Tapajós. A Ufopa se transforma em palco de convivência, de disputa política, de demarcação da alteridade, de formação de lideranças indígenas, de articulação entre mulheres indígenas e de formulação de estratégias antirracistas e de projeto de interculturalidade crítica a ser, posteriormente, replicado em outros espaços sociais.