Turismo, trabalho e uso de recursos naturais no litoral paraense: a construção da noção de mudança na localidade costeira de Marudá, Amazônia Atlântica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: FURTADO, Diego Corrêa lattes
Orientador(a): CARVALHO, Luciana Gonçalves de lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Oeste do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento
Departamento: Instituto de Biodiversidades e Florestas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/85
Resumo: A partir do caso específico das comunidades de pescadores do litoral do estado do Pará, a tese propõe discutir sobre potenciais limitações epistemológicas da pesquisa interdisciplinar, em particular daquelas vertentes articuladas às categorias de sociedade e natureza, como a Etnobotânica e a Etnofarmacologia, que vêm se tornando importantes instâncias de reflexão sobre processos de mudança social. A investigação se concentra nas rearticulações de relações sociais travadas nas esferas do cotidiano, do trabalho e do uso de recursos naturais na localidade de Marudá (Marapanim-PA, Amazônia atlântica), buscando compreender o modo como as noções de mudanças e permanências foram contrastivamente acionadas para qualificar a vida social e as relações entre sociedade e natureza no lugar ao longo do tempo. Focaliza a temática do turismo, em particular, e tenciona reconhecer as especificidades das práticas de visitação ali objetivadas e suas influências sobre a organização da vida econômica, a estruturação do cotidiano e os regimes de saberes tradicionais da população permanente de Marudá. Para alcançar seus objetivos, a pesquisa inventaria os registros legados pela literatura acerca das práticas de extrativismo animal marinho e de fitoterapia popular efetivadas no local e alia sua análise à produção de dados em trabalho de campo, por meio de observação participante e entrevistas semiestruturadas. Desvelando a configuração de duplicidade de engajamentos dos marudaenses a alternativos universos laborais, a tese demonstra que o turismo, embora tenha absorvido força de trabalho dos moradores do local, ocupando-os em funções ligadas ao polo balnear, não promoveu a desarticulação de seus estilos de vida e de organização da vida econômica, como prognosticado por parcela da literatura precedente. Conclui, por fim, que a persistente cisão entre campos interdisciplinares e campos disciplinares de pesquisa – particularmente as ciências sociais –, para além da legítima necessidade de preservar abordagens particulares a diferenciados objetos de estudo, tem favorecido a reprodução de incompreensões evitáveis, constituindo a raiz de interpretações deterministas e fatalistas da mudança social em regiões de notável sociobiodiversidade, como a Amazônia e, especificamente, sua porção atlântica.