Vulnerabilidade e estratégias de auto-organização das comunidades quilombolas do Pará diante da pandemia de Covid-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: https://orcid.org/0000-0003-4655-9670 lattes
Outros Autores: NASCIMENTO, Veridiana Barreto do
Orientador(a): CARVALHO, Luciana Gonçalves de lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Oeste do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento
Departamento: Instituto de Biodiversidade e Florestas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/1010
Resumo: A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia de covid-19, em março de 2020. O processo de interiorização dessa doença, na Amazônia, aconteceu rapidamente, atingindo municípios com pouca infraestrutura e escassez de recursos de saúde. Desde então, no cenário nacional, as comunidades quilombolas do Pará estão entre as que mais sofreram impactos decorrentes da pandemia. Sem apoio do Estado para monitorar e controlar a doença em seus territórios, essas comunidades empreenderam estratégias próprias de organização para minimizar os efeitos da pandemia. O objetivo da tese foi analisar as vulnerabilidades da população quilombola do Pará na pandemia de covid-19 e as estratégias utilizadas para o enfrentamento dessa doença. Pesquisa com método qualitativo, entre os quais: pesquisa de campo, pesquisa documental e observação participante em uma investigação exploratória e descritiva, com corte transversal. As entrevistas semiestruturadas foram realizadas com líderes quilombolas de diferentes territórios de Santarém. Através de um convite da Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombo do Pará (Malungu) e da participação nas ações do projeto Omulu, as observações participantes resultaram em experiências acumuladas e possibilitaram diálogos através dos grupos interativos formados por quilombolas residentes dos territórios de Santarém. Nos quilombos de Santarém, o projeto Omulu possibilitou a criação de uma rede de relações entre diferentes parceiros para a implementação de ações humanitárias de comunicativas em saúde para atender as demandas da população quilombola. Baseada em evidências científicas e na realidade local, criaram mecanismos de intervenção emergencial, mas também que se mantem na atualidade. A nível estadual, a Malungu também investiu na divulgação de mensagens educativas. As mídias sociais se mostraram importante instrumento de comunicação educacional para minimizar os impactos negativos causados pela pandemia. Entre os combates priorizados pelas organizações coletivas quilombolas, as fake news receberam atenção especial, visto que impactaram diretamente a decisão sobre vacinação. Notícias falsas que relacionavam as vacinas à riscos de morte, demonização e perda de humanidade e autonomia figuraram entre as mais relevantes. A pandemia de covid-19 expressou o quanto a população quilombola do Pará está vulnerável, especialmente na dimensão programática, uma vez que muitos territórios não contam com nenhuma assistência à saúde ou até mesmo sem um profissional local de saúde, como o agente de saúde. Porém, com o histórico de lutas por direitos, lideranças e associações uniram forças para buscar estratégias que fossem necessárias para minimizar os efeitos da pandemia. A parceria com instituições de ensino foi essencial para formar um grupo de voluntários que, em diferentes frentes, atuou para atenuar, por exemplo, os impactos das fake news e com atividades educativas, mesmo de forma virtual, contribuíram para a educação em saúde em tempo de pandemia. Os reflexos da pandemia nos territórios quilombolas do Pará ainda são vivenciados nos dias atuais, e a luta por uma melhor saúde nos territórios prossegue, com o seguimento de estratégias que levam assistência em saúde para dentro dos territórios e com a efetivação de políticas públicas com práticas compatíveis com os direitos e a realidade dos territórios quilombolas.