Tecidos de tucumãzeiros e gentes: interações e mudanças na produção dos trançados do Arapiuns

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: ARANTES, Ana Carolina Vitorio
Orientador(a): CARVALHO, Luciana Gonçalves de lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Oeste do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento
Departamento: Instituto de Biodiversidade e Florestas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/823
Resumo: As folhas recém-formadas do tucumãzeiro (Astrocaryum vulgare Mart.), chamadas localmente de guias, são matéria-prima para a produção de objetos, produzidos há gerações, na região do rio Arapiuns, município de Santarém. Esta tese se concentrou em analisar mudanças na produção do artesanato, atualmente conhecido como Trançados do Arapiuns, e seus desdobramentos nos saberes e práticas relativos aos tucumãzeiros e na paisagem de comunidades do rio Arapiuns. Observação participante, análise de documentos, mapeamento participativo e entrevistas semiestruturadas foram utilizados junto a pesquisadoras, técnicas, artesãs e outros moradores das comunidades Aratapi, Vila Coroca e Vista Alegre, localizadas no Projeto de Assentamento Agroextrativista Lago Grande e a análise dos dados foi orientada como pesquisa etnográfica. A partir dos anos 2000, projetos de intervenção na região foram desenvolvidos e culminaram em um processo de descoberta do artesanato, na medida em que artesãs e agentes externos passaram a valorizá-lo. Nessa trajetória, algumas mudanças na estética e formas de produção deste artesanato tradicional se modificaram, como também a forma de se organizar socialmente. A criação da Associação de Artesãos e Artesãs das Comunidades de Nova Pedreira, Vista Alegre e Coroca (AARTA) orientou a contínua valorização e divulgação desse saber-fazer e como consequência, premiações, lojas físicas, participações em exposições e declaração como patrimônio municipal são algumas materializações do reconhecimento dos trançados. Os interesses para com os tucumãzeiros também se alternaram: suas folhas, para transformação em palha, passaram a ser mais interessantes do que seus frutos. Na prática, este interesse é orientado pelos conhecimentos apurados e pelas experimentações realizadas para reconhecer os tipos de tucumãs, bem como os indivíduos tucumãzeiros preferidos. Outrossim, a valorização artesanal conduziu à valorização dos indivíduos tucumãzeiros, pelo cuidado, plantio e descarte das sementes, visando a presença e manutenção deles para posterior utilização. Essas práticas foram responsáveis por um aumento na quantidade de árvores nas comunidades, como também de certa aproximação delas às casas, alterando a paisagem local. Assim, a valorização dos trançados do Arapiuns, influenciada diretamente pela trajetória e atuação da AARTA, propiciou inúmeras mudanças nas formas de interação entre artesãs e entre estas com os tucumãzeiros, com outros vegetais e com as paisagens.