Entre bamburros, brefos e trechos: um estudo etnográfico sobre a garimpagem de ouro na região do Tapajós

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: BANDEIRA JÚNIOR, Carlos de Matos lattes
Orientador(a): CARVALHO, Luciana Gonçalves de lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Oeste do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento
Departamento: Programa de PósGraduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/1668
Resumo: A mineração artesanal e de pequena escala é desenvolvida na região do Tapajós há pelo menos sete décadas. Em torno desta atividade, ocorreu um complexo processo de ocupação territorial, consolidado em uma rede de comunidades orientadas pela economia do ouro. Problemas históricos de conflitos com populações indígenas, poluição mercurial, extração ilegal de minério, degradação ambiental e trabalho precário estão associados à garimpagem na região, contrastando com os vultosos valores financeiros mobilizados anualmente por esta atividade. O objetivo central desta tese é analisar como estão estruturados, na atualidade, os modelos de produção da garimpagem na região do Tapajós, levando em conta a consolidação do uso da tecnologia das retroescavadeiras e dragas automatizadas no processo de exploração do ouro. Busca-se, também, entender as relações e as condições de trabalho características dos garimpos da região, focalizando os saberes, as técnicas, as trajetórias e os fluxos migratórios dos trabalhadores. Este é um estudo antropológico, baseado nos recursos metodológicos da etnografia, incluindo observação participante, captação de fotografias, anotações de campo e entrevistas em profundidade com cinquenta trabalhadores posicionados em diferentes elos da cadeia produtiva do ouro. São reveladas profundas transformações nas técnicas de exploração aurífera nas últimas décadas, principalmente no que se refere ao nível de investimento de capital e à mecanização nas lavras garimpeiras, permitindo minerar áreas extensas e profundas. Por outro lado, são evidenciadas a permanência e a predominância de relações de trabalho baseadas na informalidade e na legalidade, alimentadas por constantes fluxos migratórios de trabalhadores, destacadamente do Maranhão. Propiciado pela crescente valorização do ouro no mercado internacional e pelo baixo nível de controle exercido pelos órgãos públicos competentes, o atual cenário de contradições no garimpo combina tecnologias dotadas de alta capacidade de produção, bem como de geração de impactos ambientais, com antigas relações de produção orientadas para a exploração dos trabalhadores.