O uso da água por árvores de uma floresta tropical em resposta à sazonalidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: https://orcid.org/0000-0002-5198-1211 lattes
Outros Autores: OLIVEIRA, Deliane Vieira Penha de
Orientador(a): MOURA, José Mauro Sousa de lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Oeste do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento
Departamento: Instituto de Biodiversidades e Florestas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/86
Resumo: A Floresta Amazônica afeta o clima regional e global. Modelos climáticos sinalizam para um aumento na frequência e intensidade da seca na região, portanto, o conhecimento sobre como a vegetação responde às mudanças nas condições ambientais sazonais é importante para entender a vulnerabilidade da floresta ao estresse hídrico. Apesar dos avanços importantes na compreensão do efeito da seca nas florestas tropicais da Amazônia, a relação entre estratégias de uso da água e atributos funcionais do xilema e da folha, bem como os efeitos dessas estratégias sobre a dinâmica de carboidratos não estruturais foliares não é bem compreendida. O principal objetivo desse trabalho foi identificar as estratégias de uso da água por árvores da Floresta Nacional do Tapajós. Foram levantadas questões discutidas em dois capítulos. O capítulo 1 refere-se à identificação das estratégias de uso da água baseada na classificação iso/anisohídrica e a relação com atributos funcionais hidráulicos do xilema e da folha. Enquanto no capítulo 2 buscou-se responder qual a dinâmica de carboidratos não estruturais foliares (CNE) na escala diária e sazonal de árvores que ocupam diferentes estratos na estrutura vertical da floresta tropical sazonal. Os resultados revelam que árvores de dossel, meio do dossel e sub-bosque, representam um contínuo de estratégias de uso da água, com forte controle estomático (estratégia isohídrica) prevalecendo em árvores de dossel, menor controle estomático (estratégia anisohídrica) no sub-bosque e árvores do meio dossel apresentaram comportamento intermediário. A regulação das trocas gasosas pelos estômatos e a manutenção do potencial hídrico foliar estão associados à vulnerabilidade do xilema ao embolismo e à tolerância à perda do turgor foliar. Os potenciais hídricos que impõem limites máximos e mínimos de condutância estomática (gs) para a comunidade indicam que esses limites são determinados pelo teor de água do solo e déficit de pressão de vapor. Em relação aos CNEs, foi identificado que os padrões diários e sazonais de açúcares solúveis e amido foliares diferem de acordo com o eixo de disponibilidade de água e luz em cada microambiente em que plantas dos diferentes estratos ocorrem. De modo geral, árvores de dossel e sub-bosque apresentaram padrão de resposta diário e sazonal similares, enquanto árvores do meio dossel divergiu dos demais grupos. Os resultados sugerem que o metabolismo foliar relacionado ao C não foi limitado pela seca para dossel e sub-bosque, mas o contrário pode ter ocorrido para o meio do dossel. Os mecanismos para compreender esses processos ainda precisam ser explorados. Os resultados desse trabalho suportam a hipótese de segregação de nicho pelo uso da água e da luz em florestas úmidas sazonais da Amazônia e demonstram uma diversidade de estratégias hidráulicas, em vez de uma dicotomia iso/anisohídrica. Além disso, têm implicações importantes para entender como os diferentes padrões de condutância estomática influenciam a diversidade funcional em uma floresta tropical sazonal, bem como para criar representações mais realistas em modelos de dinâmica de vegetação, permitindo maior precisão nas previsões de mudanças climáticas e na compreensão da relação entre vegetação e atmosfera.