Representações identitárias na escrita de alunos em situação de bullying escolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Souza, Sérgio Rogério de
Orientador(a): Nascimento, Celina Aparecida Garcia de Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/2372
Resumo: Nas últimas décadas, a violência escolar tem crescido significativamente e o mais preocupante é que ela tem ocorrido de diferentes formas em todos os níveis de escolaridade, de modo que, atos de violência que antes eram raros, tornaram- se constantes no cotidiano das escolas. Em meio a tantos tipos de violência, uma que vem recebendo bastante enfoque é o bullying, que diz respeito às frequentes práticas de agressão física e verbal entre os alunos. Segundo Fante (2005), o bullying tem como marca constitutiva o desrespeito às diferenças, à intolerância e ao preconceito, que afetam as relações humanas. Este trabalho tem como objetivo geral conscientizar a comunidade escolar sobre como lidar com o fenômeno bullying e como objetivo específico descrever o jogo de representações (PÊCHEUX, 1969) identitárias que os escolares em situação de bullying escolar de uma escola pública do interior do estado de São Paulo fazem de si, sobre o outro e sobre a escola por meio da produção de relatos de si, que foram produzidos e coletados no segundo semestre de 2013. Como hipótese de pesquisa, supomos que a formação identitária desse sujeito é perpassada pela alteridade de tal forma, que gera nele uma crise identitária que, consequentemente, pode levá-lo à rejeição e à exclusão no lugar social escola. Inserido no viés discursivo desconstrutivista, este trabalho caracteriza-se pelo método arqueogenealógico (FOUCAULT, 1988), de campo, pois adotamos as seguintes perspectivas para a constituição do córpus: a escrita de si, a partir de Foucault (2004), pois, segundo esse autor, a escrita de si possui um caráter confessional, por isso consideramos que essas produções textuais tratam-se de autobiografias escolares. Como fulcro teórico, apoiamo-nos nas teorias da Análise do Discurso de linha francesa, especialmente a partir do conceito de representação, de Pêcheux (1969), com o apoio das noções de /saber/poder e resistência, do filósofo Foucault (2003 e 2008), e de identidade, de Coracini (2007) e Bauman (2005), bem como Skliar (2003) para analisar as marcas de exclusão. Enquanto resultados, observamos que o sujeito em situação de bullying escolar tem o processo de formação identitária constituído pelo outro, uma vez que o conviver com o outro está intrinsecamente ligado a uma relação de poder em que o agressor fala em nome dele por meio de apelidos ofensivos, isto é, o dizer do outro sobre o sujeito em situação de bullying emana de uma relação de poder, de modo que ele passa a receber uma identidade por meio do efeito de dominação em que alguém (agressor) fala em nome dele, portanto o sujeito é sempre dito pelo outro, pelo olhar do outro. Assim, a formação identitária desse sujeito é constituída na/pela alteridade, fazendo com que, por meio dos apelidos, ele passe por uma crise identitária. Além disso, examinamos que a escola não conseguiu acompanhar a evolução da sociedade no que diz respeito ao uso das tecnologias da informação e da comunicação e, com isso, o âmbito escolar tem sido desestimulante pelo fato de se preocupar mais com o poder disciplinar dos escolares do que com o processo de ensino-aprendizagem. Por outro lado, também detectamos que a escola ainda é concebida como uma possibilidade de ascensão social. No primeiro capítulo, trazemos à baila fundamentações teóricas voltadas à noção de discurso, sujeito, interdiscurso, formação discursiva, representações imaginárias, além de nos prender em torno do conceito de identidade, de exclusão e das noções de saber/poder. No capítulo dois, debruçamo-nos acerca do fenômeno bullying, apresentando alguns excertos dos escolares da escola em que os relatos foram coletados, a fim de melhor elucidar as condições de produção desses relatos de si. Também, trazemos informações a respeito do procedimento metodológico adotado para a constituição do córpus. No último capítulo, apresentamos a análise de onze excertos, que foram organizados em três eixos: Representações de si, Representações sobre o outro e Representações sobre a Escola. E por fim, as considerações finais com nossas reflexões a partir dos efeitos de sentido.